Juízes e
advogados internacionais pedem que condenação de Lula seja anulada
Bissau, 25 jun 19 (ANG) - Um grupo de advogados, juristas e
magistrados de renome internacional assinou texto coletivo em defesa do
ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, publicado no jornal
francês Le Monde que
chegou às bancas na tarde de segunda-feira (24).
Baseados nas denúncias reveladas pelo site “The Intercept”, eles
pedem que as autoridades brasileiras anulem a condenação do líder petista,
apresentada como uma medida “injusta e ilegal”.
Intitulado “a Corte Suprema brasileira tem o dever de liberar
Lula”, o texto é assinado por 12 advogados, juristas e magistrados vindos de
vários países, mas principalmente da França.
Eles afirmam que, desde 2018, já alertavam para as
irregularidades de um processo que, segundo os signatários, “se inseria em uma
vontade, de qualquer forma e a qualquer preço, de excluir Lula da corrida
presidencial”.
“As revelações recentes do jornalista Glenn Greenwald e de sua
equipe no site The Intercept fizeram
todas as máscaras”, continuam os
advogados, em referência às revelações de uma possível parcialidade dos
magistrados envolvidos no processo. Eles afirmam que o ex-juiz e atual ministro
da Justiça Sergio Moro “manipulou os mecanismos de delação premiada, orientou
os trabalhos do Ministério Público, exigiu a substituição de uma procuradora
que não lhe dava satisfações e dirigiu a estratégia de comunicação da
acusação”.
Os signatários insistem que Moro teve que condenar Lula por
“fatos indeterminados”, pois não havia provas materiais que o ligasses
diretamente ao escândalo de corrupção. “Ao fazer isso, Lula se tornou um preso
político”, vítima de uma “conspiração política”, martelam os advogados.
Segundo os signatários, o STF deve agora tirar todas as
consequências dessas “irregularidades gravíssimas” e, consequentemente,
“colocar Lula em liberdade e anular sua condenação”, além de identificar os
responsáveis pelo que qualificam de “gravíssimo desvio de procedimento”.
“A luta contra a corrupção é um tema essencial para todos os
cidadãos do mundo, mas no caso de Lula, ela foi instrumentalizada”, continuam
os advogados. Eles afirmam que o objetivo dessa estratégia seria “permitir a
Bolsonaro de assumir o poder” e que Sergio Moro foi “recompensado” ao ser
nomeado ministro da justiça . Para os
signatários, “os beneficiários dessa conspiração demonstram apenas o desprezo
pelo interesse geral dos brasileiros (...) e pela democracia”.
O texto é assinado por personalidades como o ex-juiz espanhol
Baltasar Garzón, que condenou o ditador chileno Augusto Pinochet pelos crimes
contra a Humanidade, o advogado Jean-Pierre Mignard, um dos principais
conselheiros jurídicos do presidente da França Emmanuel Macron, ou ainda o
advogado alemão Wolfgang Kaleck. Também faz parte da lista o francês William
Bourdon, advogado de Michel Platini nos escãndalos de corrupção envolvendo
o ex-presidente da UEFA , e o professor
de direito da Universidade de Yale, Bruce Ackerman. ANG/RFI
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