Guerra de nervos
entre Roma e Bruxelas
Bissau, 28 jun 19 (ANG) - O barco holandês Sea Watch
continua bloqueado junto à ilha italiana de Lampedusa, a capitã alemã do navio
após 14 dias em águas internacionais, pretende desembarcar aí 42 migrantes
resgatados no Mar Mediterrâneo. A Itália opõe-se a tal medida e ameaça agora a
União Europeia com represálias.
"Se a lei italiana não for respeitada devido
ao silêncio cúmplice do governo holandês e da União Europeia podemos equacionar
suspender a inserção de quaisquer informações na base de dados europeia.
Refiro-me a quaisquer informações sobre a identidade dos migrantes que chegaram
à Itália para deixá-los, assim, ir aonde quiserem”, disse Matteo Salvini,
ministro italiano do Interior.
Por seu lado, a
ONG alemã Sea Watch responde que não
podem aguardar mais.
" Não se pode brincar com o desespero das
pessoas aflitas" escrevia nesta quinta de manhã a ong alemã Sea Watch,
proprietária do navio, embarcação que navega, porém, com bandeira holandesa.
A Itália tem vindo a descartar qualquer desembarque de
migrantes em território seu a não ser que estes fossem imediatamente transferidos
para a Holanda ou para a Alemanha.
Em Bruxelas o Comissário da pasta das migrações,
Dimitris Avramopoulos afirmou que vários países europeus estavam dispostos em
participar na repartição dos migrantes. Este condicionava, todavia, a obtenção
de uma solução ao desembarque prévio dos mesmos.
Os 42 clandestinos foram
resgatados no Mar Mediterrâneo numa zona sob responsabilidade da Líbia, este
país do norte de África estaria disposto em garantir o respectivo desembarque
em território seu.
A ong em causa, bem como as Nações Unidas, estima que
as condições de segurança na Líbia não estão garantidas.
Enquanto isso Matteo
Salvini, o ministro italiano do interior, exigia a captura do barco e que a
embarcação fosse imobilizada.
A capitã do navio, a jovem alemã Carola Rackette,
afirmava-se disposta em "ir para a cadeia" neste caso escudando-se
por detrás do direito marítimo.
Enquanto isso a Itália adoptou um dispositivo legal
que permite a Roma proibir a entrada nas suas águas territoriais a navios com
clandestinos a bordo.
A capitã e a tripulação do
navio arriscam-se a ter que pagar, nomeadamente, multas de 50 000 euros e ainda
a ter que entregar a embarcação à justiça.
Circula nas redes sociais uma recolha de fundos para o
efeito, até meio do dia desta quinta-feira já foram recolhidos mais de 130 000
euros.
Enquanto os migrantes do Sea Watch esperam por um
desfecho vários episódios de migrantes têm vindo a dar às costas europeias.
De acordo com as autoridades italianas quase 500
migrantes desembarcaram em Itália nestas duas últimas semanas.
ANG/RFI
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