Bissau,
01 jun 19 (ANG) - O Presidente, José Mário Vaz, voltou a afirmar que só vai nomear um novo Governo
após terminar impasse para a eleição do 2ºvice-presidente da Assembleia Nacional Popular(ANP).
De
regresso no sábado da cimeira da Organização da Conferência Islâmica, que
decorreu na Arábia Saudita, José Mário Vaz, disse, em curtas declarações aos
jornalistas no aeroporto de Bissau, que aguarda "que haja um compromisso,
um diálogo franco, entre os deputados" para de seguida nomear o novo
primeiro-ministro e consequentemente o Governo.
O Presidente guineense disse ter ficado
triste com o que viu logo no primeiro dia dos trabalhos do novo parlamento,
saído das eleições, mas que espera que os deputados saibam ultrapasar as diferenças
para desta forma fazer o país arrancar.
José Mário Vaz afirmou ainda que é também triste
quando os políticos não conseguem acatar os conselhos, de diálogo e
compromisso, que são feitos pelos líderes religiosos, quando usam a sociedade
civil para atiçar divisões ou quando tentam envolver as Forças Armadas nas
disputas políticas.
Disse
que, por ser "um homem de crença",
acredita que o país vai ultrapassar o impasse político em que se
encontra.
José
Mário Vaz aproveitou as suas declarações, sem direito a perguntas, para
agradecer e felicitar as Forças Armadas, as quais pediu que se mantenham nas
casernas e em obediência à Constituição do país.
O líder
guineense aproveitou a ocasião para criticar, sem citar nomes, aqueles que se
vão envolvendo nos problemas internos do país.
"O
mais triste é que as pessoas aproveitam-se desta situação para se intrometerem
nos assuntos sobre os quais não têm direito, porque isto é um país
soberano", observou José Mário Vaz, salientando que todos os países do
mundo têm problemas, mas que nunca viu nenhum a vir à Guiné-Bissau pedir
conselhos.
Em
relação à cimeira, o Presidente guineense lamenta que não tenha assistido
pessoalmente à conferência já que não conseguiu chegar ao lugar onde decorria,
acabando por acompanhar, a partir de um hotel, por videoconferência.
Tínhamos
agendado um encontro com sua Majestade (o rei da Arábia Saudita), mas
infelizmente, no lugar onde ele estava era impossível vir até o hotel para esse
encontro bilateral", afirmou José Mário Vaz que se mostrou satisfeito com
os resultados da conferência que debateu o terrorismo, a unidade e
solidariedade entre os países da OCI.
Mais de
dois meses depois das eleições legislativas, a 10 de março, o novo
primeiro-ministro da Guiné-Bissau ainda não foi indigitado pelo Presidente
guineense e o novo Governo também não tomou posse devido a um novo impasse
político, que teve início com a eleição dos membros da Assembleia Nacional
Popular.
Depois de
Cipriano Cassamá, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno
Nabian, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau
(APU-PDGB), ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados
guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância
Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente do
parlamento.
O
Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo e apresentou uma
providência cautelar para anular a votação, mas que foi recusada pelo Supremo
Tribunal de Justiça.
Por outro
lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome
do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O
parlamento da Guiné-Bissau está dividido em dois grandes blocos, um, que inclui
o PAIGC (partido mais votado nas legislativas, mas sem maioria), a APU-PDGB, a
União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro,
que juntou o Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o PRS, com 48.
O
Presidente guineense termina o seu mandato a 23 deste mês.ANG/Lusa
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