(Por José Augusto Mendonça,
enviado especial da ANG)
Marakech,
10 Nov 16 (ANG) - Não foi por mero acaso que as Nações Unidas concederam ao
Reino Alahuita de Marrocos a honra de acolher a 22a Convenção das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas, vulgarmente conhecida pelo pomposo nome de COP22.
Pelo
que pude constatar nestes dias em que decorre o certame mundial sobre alterações
climáticas em Marrakech, cheguei a obvia conclusão de que a justiça foi feita
em relação a este país da África do Mahgreb, mas enraizado na forte cultura árabe.
Marrocos
figura entre os poucos países do continente que até agora ensaiam o uso de energias
renováveis, também chamada de “energia limpa”, perante a eminência do colapso do mundo, se não se
travar o progressivo aquecimento global provocado pela emissão de gases com
efeito de estufa, ou seja, o tal que paulatinamente fende a necessária camada
do Ozono que protege a vida na terra.
A
cidade de Marrakech, que nestes dias abriga a COP22, demonstra até que ponto o
país de sua Magestade Mohamed VI se encontra empenhado em contribuir para diminuir
os efeitos nocivos ao ambiente do nosso Planeta.
A
população local é muito severa no tratamento de lixo. Nada se deita ao acaso,
por isso os passeios nas ruas e avenidas se mostravam impecavelmente limpos,
fruto de trabalho de homens a soldo da Câmara Municipal local que se dedicam
24/24 horas neste trabalho. Existem recipientes para separar lixos.
Os
turistas sao incentivados a usarem as caleches (carroças), puxadas por uma parelha
de cavalos, dando assim graça e ambiente romântico à viagem ao bordo das
mesmas.
Usam-se
motos, mas a maioria delas sao do tipo por nos conhecidos por ‘Celera no bai”,
que pouco fumo libertam no ambiente. Uma curiosidade: por vezes toda a familia
se fazem transportar na mesma ocasiao ao bordo de uma so moto.
Entretanto,
o mais espantoso para mim viria depois:
Imaginem
qual não foi o meu espanto, quando ao entrar num automóvel comum de marca
Renault de 5 lugares, da frota de transporte posta a disposição dos
participantes na COP22 pelas autoridades marroquinas, ouvi uma voz gravada que me alertava de que estava a bordo de um
carro movido a electricidade.
Incrédulo,
questionei ao motorista, de um pouco mais de 20 anos chamado Abdurrahman
Karbachi (pudi ver este nome no cracha fixo ao peito) que me respondeu, num
francês mesclado de sotaque Árabe, de que era verdade.
Pois,
como devem advinhar estou muito acostumado ao barrulhento trânsito de Bissau,
cujo fumo, que nem uma nevoa, chega a condicionar a visibilidade dos pedestres,
portanto, tal novidade estava longe das minhas cogitações.
“A
implemetacao deste novo modelo esta sendo feito paulatinamente”, confirmou-me o
tal amigo motorista depois de questionado e ao sentir-se mais confortado
perante meu sorriso cordial e gestos simpáticos.
Acto
contínuo, depois de sessões fotográficas para posteridade, lá fomos percorrer avenidas e ruas da linda cidade
marroquina polvilhada de luzes incandescentes e de várias tonalidades.
A
viagem não durou mais que 30 minutos, mas confesso que foi uma das experiências
mais gratificantes por mim feitas até aqui em Marrakech. A sensacao dentro do
engenho fez-me regressar ao tempo quando no colon da minha mãe escutava sua cândida
voz para me embalar no sono. Incrivel, gente!
A máquina
rolava ora a 80 quilómetros a hora, ora chegava a atingir os 100. No entanto o
mais incrível de tudo é que, apesar da potência imprimida ao motor, nao produzia nenhum ruído Apenas um sibilar
que nem um gato com o cio. Não expelia nenhuma fumaça, ou seja, era como se de
uma máquina de barbear electrica se tratasse.
Abdurrahman
Karbachi, o choffer, se calhar extasiado com a minha admiração, fez-se mais eloquente
fornecendo-me mais pormenores sobre o carro.
Por exemplo, explicou de forma resumida que a
máquina movia-se graças a uma bateria recarregável que consegue cobrir a distância
semelhante a de Bissau/Gabu, antes de ser recarregada.
Disse
que a inciativa ainda se pode considerer de experimental, mas tem tido grande
aderência nos últimos tempos, pois são várias as pessoas que agora trocam das suas
tradicionais máquinas barrulhentas e fumaceiras, pela nova tendência.
O
trajecto foi curto, por isso terminamos o nosso fugaz encontro entre abraços e
balbucar de frases intercortadas em francês, pois que, eu, assim como o meu
jovem amigo, ninguém domina na perfeição a língua pela qual nos comunicavamos,
o francês.fim.
Jose
Augusto Mendonça, enviado especial da ANG à Marrakech
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