UE diz não existir nenhum alerta sobre carne brasileira no mercado europeu
Bissau, 21
Mar 17 (ANG) - A União Europeia quer mais detalhes das carnes certificadas
recentemente pelos frigoríficos envolvidos no escândalo da “Operação Carne
Fraca”.
A informação foi divulgada pela Comissão Europeia
após as explicações enviadas à Bruxelas pelas autoridades brasileiras, nesta
segunda-feira (20).
Aspecto da sede da União Europeia |
A União Europeia também pediu ao Brasil que suspenda "a certificação desses estabelecimentos durante o processo de exclusão da lista", acrescentou. De concreto, dos 21 frigoríficos envolvidos no escândalo da “Carne Fraca”, quatro tinham permissão de exportar para os 28 países do bloco europeu. Entretanto, a Comissão Europeia confirmou à RFI Brasil que, “neste estágio, não existe nenhum alerta específico das carnes brasileiras nos mercados europeus”.
A União
Europeia é o maior destino das carnes brasileiras, tendo importado, no ano
passado, cerca de US$ 2,5 bilhões de carnes.
Em conferencia de
imprensa de segunda-feira, o porta-voz para Saúde Pública e Segurança
Alimentar da Comissão Europeia, Enrico Brívio, afirmou que “a Comissão Europeia
está ciente das investigações sobre o esquema de fraude e propina envolvendo
fiscais e frigoríficos no Brasil. Desde sexta-feira passada (17), quando foram
feitas as revelações da Operação Carne Fraca, Bruxelas pediu verificação e ação
das autoridades brasileiras, além de intensificar os contatos diplomáticos
durante o final de semana”.
Segundo Brívio, a Comissão Europeia e os países do
bloco estão acompanhando a situação atentamente, permanecendo extra vigilantes
nas inspecções obrigatórias das carnes bovina, de frango e derivados vindos do
Brasil.
Em Bruxelas, o porta-voz para a Agricultura da
Comissão Europeia, Daniel Rosario, ressaltou que “qualquer exportação atual ou
futura terá sempre que atender os padrões de segurança e qualidade
estabelecidos pela legislação da União Europeia”. Vale lembrar que os setores
agrícolas de ambos os lados têm um alto nível de proteção.
Na Europa, a Irlanda é o país que mais compete com
o Brasil no mercado de carnes. Aliás, alguns produtores de carne do bloco estão
aproveitando o escândalo para pressionar a suspensão temporária do produto
brasileiro na Europa. Nesta segunda-feira, o principal sindicato de
agricultores europeus, Copa-Cogeca, também pediu que sejam garantidas as normas
de segurança da União Europeia nas negociações em curso com os países do
Mercosul, ao expressar sua preocupação com o escândalo da carne brasileira.
"Até receber as informações, a China não desembarcará as carnes importadas do Brasil. Hoje à noite, o ministro terá uma videoconferência com autoridades chinesas para prestar esclarecimentos", diz nota publicada no site do Ministério da Agricultura.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne e a China é seu segundo maior importador.
Em 2016, as receitas brasileiras de carne de frango congelada à China somaram US$ 859,5 milhões e as de carne bovina fresca, congelada e refrigerada totalizaram US$ 702,7, segundo dados do Ministério de Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
O Chile também decretou a suspensão temporária das importações, enquanto a UE vetou a entrada de carne dos frigoríficos envolvidos na investigação "Carne Fraca".
ANG/RFI
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