“Estou
a ser hostilizado por ser muçulmano e a liderar governo”, diz Umaro Sissoco
Embaló
Bissau,11
Abr 17 (ANG) – O Primeiro-ministro, Umaro Sissocó Embalo afirmou que está a ser
hostilizado na liderança do governo por ser muçulmano.
Foto Arquivo |
Num
encontro mantido Sábado com dezenas de Imâmes das diferentes mesquitas de
Bissau, na residência do líder religioso Causo Baldé, em Bissak, arredores de
Bissau, o chefe do executivo referiu que o seu nome consta na primeira posição
dos três escolhidos pelo Presidente da República no âmbito do Acordo de
Conacri.
“Mas
como o meu nome é Umaro Sissoco Embaló, para o efeito não podemos ser nada neste
país. E como o outro é apelidado de Fadiá, igualmente não pode ser nada”, disse.
O Primeiro-ministro
disse que, por um lado, os muçulmanos são culpados porque aceitam ser usados
para outras pessoas atingirem os seus objectivos e por isso são menosprezados
na sociedade guineense.
“Mesmo
se fosse o nome de Aladje Mamadú Fadia que era escolhido para ocupar funções de
Primeiro-ministro seria igualmente alvo de hostilização como está a acontecer
comigo”, considerou.
Umaro
Sissoco Embaló sublinhou que existe um aspecto que lhe agrada bastante,
acrescentando, a título de exemplo, que “desde que as pessoas roubaram ao
Braima Camará a liderança do PAIGC no Congresso de Cacheu, nunca mais se houve
sons de tambores na sede deste partido”.
Frisou
que o motivo que está por detrás do silêncio dos sons dos tambores na sede do
PAIGC é a coesão que existe no seio da
etnia mandinga.
“Quero
dizer aos meus parentes fulas para escolhermos bem o nosso campo de acção”,
aconselhou, acrescentando que ele pessolamente está bem na vida e que se querem
que os seus filhos continuassem a
seguir passos das pessoas que os usam
para atingir os seus objectivos será uma vergonha”, explicou.
Umaro
Sissoco Embaló sublinhou que quando foi nomeado primeiro-ministro pelo Presidente
da República as pessoas contestaram a escolha alegando ser muçulmano.
“Isso
faz-me sentir mal por que não posso ser tribalista. A minha mulher é cristã e
para tal não posso ser contra cristãos. Os meus melhores amigos são igualmente
cristãos”, vincou.
O Primeiro-ministro
sublinhou que durante a luta de libertação nacional ninguém conhecia a raça e
religião, salientando que todos veem o que acontece actualmente no país porque
existem partidos políticos que nunca aceitarão a liderança de muçulmanos.
“O
Presidente da República informou-lhes que, mesmo que ele é da etnia manjaca
todos o guineenses têm o mesmo direito”, afirmou.
Umaro
Sissoco Embaló salientou que, o maior problema que José Mário Vaz enfrenta é de
ter nomeado um muçulmano para o cargo do Primeiro-ministro em detrimento dos
cristãos.
“E
no momento de ir pedir dinheiro no exterior, as pessoas lembram que existem
fundos árabes, do Quait, Arábia Saudita e outros Bancos Árabes. E esquecem que
são dinheiros dos muçulmanos”,referiu.
Disse
que chegou o momento dos muçulmanos se abdicarem de correr atrás das pessoas.
Em
resposta aos pedidos feitos pelos Imâmes do bairro de Bissak, Umaro Sissoco
Embalo disse que uma missão do Banco Árabe de Desenvolvimento Económico em
África(BADEA), chegará brevemente ao país, acrescentando que se eventualmente
financiarem a construção das estradas, aquele bairro será a prioridade.
Prometeu
ainda construir escolas corânicas e colocar painéis solares nas mesquitas bem
como a canalização de água potável.
Por
sua vez, o líder religioso Causo Baldé afirmou que o encontro realizado na sua
residência visa a leitura do alcorão para pedir a paz para o país.
“Hoje
em dia, pela idade que tenho e responsabilidade na parte de Deus, penso que é
isso que deve ser o meu trabalho - ser o
mensageiro de paz para os guineenses”, disse, frisando que foi um dos motivos
do seu regresso ao país.
Causo
Baldé apelou aos políticos guineenses no sentido de dialogarem e privilegiarem o perdão para tirar o país da
situação de crise em que se encontra.
“ O
único vencedor dessa crise será a parte mais tolerante e que sofre perante Deus
e ao povo em geral”, revelou.
O
líder religioso sublinhou que os guineenses devem se entender uns aos outros
para acabar com a crise que já leva muito tempo.
ANG/ÂC/SG
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