“Narcotraficantes encontraram no Governo
apoio e encobrimento" ,diz bispo de La Guaira
Bissau, 14 Set 17 (ANG) - O bispo
de La Guaira, perto de Caracas, acusou quarta-feira o governo da Venezuela de
dar “apoio, segurança e encobrimento” a narcotraficantes fugidos da Colômbia,
para perpetuar um modelo económico que levou o país “ao colapso”.
“A Colômbia, como país e como sociedade,
comprometeu-se desde há anos a lutar contra isto e por isso fechou todos os
espaços que protegiam o narcotráfico. Pelo contrário, na Venezuela o Governo
abriu estes espaços, de forma que muitos desses grupos - que estão a
entregar-se na Colômbia e a fazer a paz – vieram para a Venezuela”, disse o
bispo Raúl Biord Castillo em entrevista à agência Lusa.
“Lamentavelmente, no governo venezuelano [os
traficantes] encontraram apoio, segurança e encobrimento. É muito triste para
nós dizer que familiares de altos funcionários do nosso governo estão a ser
acusados de narcotráfico, que foram utilizados passaportes diplomáticos para
proteger traficantes”, acusou o bispo venezuelano, em Portugal para participar
numa Peregrinação Internacional por motivo do Centenário das Aparições em
Fátima.
Raúl Biord Castillo considera que a Venezuela vive
uma situação de “grave crise social, política e económica” devido a um governo
que “confiscou todos os poderes”.
Sobretudo, disse o bispo, “neste momento a
Venezuela vive uma grande farsa” com o modelo económico socialista-comunista
que Nicolas Maduro desenvolveu a partir do Chavismo.
“O facto de não haver liberdade para a produção e
de haver corrupção generalizada faz com que um país rico em recursos naturais
como a Venezuela esteja afundado numa das maiores crises da sua história, em
grave carência de alimentos, medicamentos, de matérias-primas, de peças para a
maquinaria. O país está perto do colapso e o Governo não o quer reconhecer”,
salientou o prelado.
Raúl Biord Castillo disse que o governo de Nicolas
Maduro insiste em mostrar a Venezuela “como a terra da Alice no País das
Maravilhas”, recusando-se a admitir que a falta de alimentos está a “matar
pessoas à fome” e que faltam medicamentos de toda a espécie.
“Milhares de venezuelanos têm de cruzar a fronteira
com a Colômbia e com o Brasil para comprar algum alimento. Muitas são as
pessoas que estão a sofrer porque não há os medicamentos mais básicos”,
sublinhou o bispo, que “pede simplesmente à comunidade internacional que tome
consciência disto”.
“Ainda na terça-feira, ao regressar da Colômbia, o
Papa dizia que, perante este grave problema social, não só a Venezuela como a
comunidade internacional têm de fazer alguma coisa para evitar este Holocausto,
para fazer evitar que o povo continue a morrer de fome”, concluiu.
Questionado sobre se a Venezuela está à beira de
uma guerra civil, o bispo respondeu negativamente, mas admitiu que o governo
poderá aumentar ainda o nível de repressão.
“Não acredito que haja guerra civil. As armas estão
todas de um lado”, afirmou Raúl Biord Castillo, recordando que aos “protestos
pacíficos” o governo respondeu “com uma repressão brutal”, não só por parte dos
militares como também dos coletivos armados.
“Vejo o perigo de uma maior repressão, que (…) haja
mais sangue e mais mortos. Estamos preocupados, mas as pessoas já perderam o
medo. (…) Não há prisões suficientes para conter milhões e milhões de
venezuelanos que querem um país livre e de prosperidade para os seus filhos”,
concluiu.
ANG/Lusa
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