"O problema
da Guiné-Bissau está na interpretação da Constituição”, diz antigo Presidente
de Cabo Verde
Bissau,20 Out 17(ANG) - O antigo Presidente da
República de Cabo Verde, Pedro Pires, considerou hoje, na cidade da Praia, que
a Guiné-Bissau vive uma crise institucional resultante de uma interpretação
pessoal da Constituição do país e do desejo de mais poder.
"Na Guiné-Bissau, quando toda a gente esperava ter ultrapassado as piores situações, nasce um novo conflito, mas é um conflito institucional em que o Presidente da República quer mudar o regime sem ter que fazer a mudança da Constituição. É uma interpretação pessoal da Constituição ou o desejo pessoal de ter mais poder", disse Pedro Pires.
As declarações de Pedro Pires, foram feitas quinta-feira, na cidade da Praia, num painel sobre democracias em desenvolvimento em situações de fragilidade e conflito, no âmbito do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local (FMDEL), que termina esta sexta-feira.
O antigo chefe de Estado, que moderou ao longo dos tempos várias tentativas de solução da instabilidade política na Guiné-Bissau, respondia a uma pergunta da plateia que instava as instituições internacionais a tomar medidas para resolver definitivamente o conflito político na Guiné-Bissau.
Ressalvando que, desde que deixou a Presidência cabo-verdiana, segue "muito menos a situação" na Guiné-Bissau, sublinhou a natureza institucional do conflito.
"Entendo que a crise na Guiné-Bissau vem precisamente da crise do Estado. As instituições e os princípios não são devidamente respeitados. Por vezes nas democracias ou nas democracias imperfeitas temos situações em que as pessoas são mais importantes que as instituições. Parece-me que é preciso mudar isso para que as instituições sejam mais importantes que as pessoas, para que as instituições sejam mais importantes que os titulares dos cargos políticos. Só assim é possível evitar certos conflitos", apontou.
"Na Guiné-Bissau, o problema está à volta da interpretação da Constituição e do desejo de alguém querer estar acima da Constituição e, isso, é inaceitável", acrescentou.
A Guiné-Bissau vive uma situação de instabilidade política desde 2015 com sucessivas alterações de governo que resultaram num impasse institucional, que segundo um relatório recente da União Europeia está a enfraquecer as instituições do Estado e a pôr em causa o respeito pelos direitos humanos.
A influência do desenvolvimento económico local na prevenção de conflitos foi o tema do painel em que participaram também o comissário para as Políticas Económicas para a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Mamadou Traoré, e o diretor de políticas de apoio de governo e construção da paz do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Patrick Keulers.
Num painel que integrou ainda o ministro do Interior do Burkina Faso e os diretores de cooperação da Catalunha e do Haiti, foi consensual a ideia de que sem paz não existe desenvolvimento e que o desenvolvimento local, com atenção especial às populações em risco e negligenciadas, promove a paz e previne conflitos. ANG/LUSA
"Na Guiné-Bissau, quando toda a gente esperava ter ultrapassado as piores situações, nasce um novo conflito, mas é um conflito institucional em que o Presidente da República quer mudar o regime sem ter que fazer a mudança da Constituição. É uma interpretação pessoal da Constituição ou o desejo pessoal de ter mais poder", disse Pedro Pires.
As declarações de Pedro Pires, foram feitas quinta-feira, na cidade da Praia, num painel sobre democracias em desenvolvimento em situações de fragilidade e conflito, no âmbito do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local (FMDEL), que termina esta sexta-feira.
O antigo chefe de Estado, que moderou ao longo dos tempos várias tentativas de solução da instabilidade política na Guiné-Bissau, respondia a uma pergunta da plateia que instava as instituições internacionais a tomar medidas para resolver definitivamente o conflito político na Guiné-Bissau.
Ressalvando que, desde que deixou a Presidência cabo-verdiana, segue "muito menos a situação" na Guiné-Bissau, sublinhou a natureza institucional do conflito.
"Entendo que a crise na Guiné-Bissau vem precisamente da crise do Estado. As instituições e os princípios não são devidamente respeitados. Por vezes nas democracias ou nas democracias imperfeitas temos situações em que as pessoas são mais importantes que as instituições. Parece-me que é preciso mudar isso para que as instituições sejam mais importantes que as pessoas, para que as instituições sejam mais importantes que os titulares dos cargos políticos. Só assim é possível evitar certos conflitos", apontou.
"Na Guiné-Bissau, o problema está à volta da interpretação da Constituição e do desejo de alguém querer estar acima da Constituição e, isso, é inaceitável", acrescentou.
A Guiné-Bissau vive uma situação de instabilidade política desde 2015 com sucessivas alterações de governo que resultaram num impasse institucional, que segundo um relatório recente da União Europeia está a enfraquecer as instituições do Estado e a pôr em causa o respeito pelos direitos humanos.
A influência do desenvolvimento económico local na prevenção de conflitos foi o tema do painel em que participaram também o comissário para as Políticas Económicas para a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Mamadou Traoré, e o diretor de políticas de apoio de governo e construção da paz do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Patrick Keulers.
Num painel que integrou ainda o ministro do Interior do Burkina Faso e os diretores de cooperação da Catalunha e do Haiti, foi consensual a ideia de que sem paz não existe desenvolvimento e que o desenvolvimento local, com atenção especial às populações em risco e negligenciadas, promove a paz e previne conflitos. ANG/LUSA
Sem comentários:
Enviar um comentário