Autarca Mahamudo Amurane morto à queima-roupa horas
depois de apelar à paz no convívio social
Bissau, 05 Out 17 (ANG) - O autarca moçambicano que
hoje foi morto à queima-roupa com três tiros disparados por um desconhecido,
tinha discursado horas antes a apelar à paz ao diálogo no país.
"A paz que hoje celebramos reveste-nos de
esperanças (...), se todos nós nos apropriarmos da cultura da paz no convívio
social e privilegiarmos sempre o diálogo na solução dos nossos problemas",
referiu Mahamudo Amurane, de 44 anos.
O presidente do Conselho Municipal de Nampula, no
norte do país, discursava nas cerimónias de celebração do Dia da Paz e
Reconciliação Nacional, que assinalou os 25 anos da assinatura dos acordos de
paz de Moçambique.
Na mesma intervenção, disse que era necessária
"coragem para a abertura de novas abordagens de gestão da máquina
administrativa do Estado", defendendo uma maior descentralização do poder.
Segundo a Lusa, o porta-voz da polícia Moçambicana disse que, após a cerimónia, Amurane dispensou o
guarda-costas que o acompanhava, um agente policial a que tem direito por lei,
para se deslocar a casa, onde acabaria por ser alvejado por um desconhecido.
O suspeito entrou na farmácia do autarca, no
rés-do-chão da sua residência particular, dirigiu-se a ele e disparou três
tiros, segundo relatou à Lusa Saide Ali, vereador que estava junto a Amurane no
momento do crime.
O autarca era membro da comissão política do
Movimento Democrático de Moçambique (MDM), partido que convocou uma reunião
extraordinária do órgão para quinta-feira.
As relações com o partido tinham tido melhores
dias: Mahamudo Amurane admitiu em agosto deixar o MDM e concorrer à presidência
do município de Nampula nas eleições do próximo ano encabeçando outro projeto
político.
Lutero Simango, líder da bancada daquela força no
parlamento moçambicano, disse à Lusa que o crime representa "um grande
choque" e apelou às autoridades para que descubram o que se passou.
"O que está a acontecer em Moçambique, hoje, é
que o crime está cada vez mais a controlar o Estado e isso é mau para a
democracia e para tudo", concluiu.
ANG/Lusa
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