Grupo acusado de invadir sede do PAIGC em Bissau afirma que quer exigir seus
direitos
Bissau, 18 Out 17 (ANG)
- O grupo acusado de invadir a sede nacional do Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo (PAIGC), em Bissau, recusou hoje ter tomado de
assalto o partido, salientando que apenas queriam exigir os seus direitos.
"Fomos à sede do partido para exigir os nossos
direitos de acordo com os estatutos", disse à agência Lusa o porta-voz do
grupo, Buli Djabuli, salientando que os membros do grupo são militantes do
partido.
Segundo Buli Djabuli, o grupo dirigiu-se ao partido
por "vias democráticas" e para mostrar ao presidente do partido,
Domingos Simões Pereira, que não concordam com a forma como está a dirigir a
formação política.
"Antes de lá irmos hoje, enviámos uma nota a
avisar que íamos lá hoje", disse, mostrando o documento enviado.
Buli Djabuli negou também terem levado armas,
nomeadamente catanas e facas, e disse que os confrontos provocaram cinco
feridos ligeiros.
Os jovens queriam entregar hoje uma petição a pedir
a demissão de Domingos Simões Pereira, afirmou.
Mas, num comunicado lido à imprensa, Buli Djabuli
exigiu à direção do PAIGC que promova "ações concretas e imediatas
conducentes à reconciliação no seio da família PAIGC, sob pena de a crise se
agravar ainda mais, pondo em perigo este grande e histórico projeto
político".
No comunicado, o grupo aponta o "diálogo
franco e sincero como única via para a saída da presente crise".
O grupo dos jovens intima também, no comunicado, a
direção do PAIGC a "cumprir o ponto 10 do Acordo de Conacri em relação à
reintegração incondicional de dirigentes expulsos ou sancionados ilegalmente,
bem como a cessar imediatamente com afastamentos sumários e exclusões ilegais
que se têm verificado em todos os escalões e hierarquias do partido".
A Guiné-Bissau vive um impasse político há cerca de
três anos, depois de o Presidente ter demitido o Governo de Domingos Simões
Pereira, presidente do PAIGC, partido que venceu as eleições legislativas de
2014.
O Grupo dos 15 é um grupo de deputados expulsos do
PAIGC, por ter decidido abster-se na votação do programa do Governo submetido
ao parlamento por Carlos Correia, que substitui Domingos Simões Pereira.
Na sequência da expulsão daqueles deputados, o
parlamento ficou bloqueado e está parado há cerca de dois anos.
O atual Governo da Guiné-Bissau não tem o apoio do
PAIGC e o impasse político tem levado vários países e instituições
internacionais a apelarem a um consenso para a aplicação do Acordo de Conacri.
O Acordo de Conacri, mediado pela Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevê a formação de um
governo consensual integrado por todos os partidos representados no parlamento
e a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do chefe de
Estado, entre outros pontos. ANG/Lusa
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