Perdão de dívida e
crédito de milhões marcam cimeira
Bissau, 6 Set 18 (ANG) – Uma promessa de mais 60.000 milhões de
dólares em investimentos, sem contrapartidas políticas, e perdões de dívida
para os países mais pobres marcaram o Fórum de Cooperação China-África (FOCAC),
cuja terceira cimeira terminou hoje, em Pequim.
Em causa está um plano de ação para fortalecer a cooperação a
nível do comércio, saúde, indústria e infra-estruturas, em particular o
acarinhado plano chinês conhecido como “Nova Rota da Seda”, lançado em 2013
pelo Presidente chinês, Xi Jinping, e que inclui a construção de portos,
aeroportos, auto-estradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia
Central, África e sudeste Asiático.
Durante este fórum, o Presidente Xi Jinping garantiu que o
investimento de Pequim não implica “condições políticas”, sendo antes uma
“forma de atingir prosperidade comum, com benefícios para ambos os povos”.
O crédito de 60.000 milhões de dólares (51.000 milhões de euros)
será aplicado nos próximos três anos, no formato de assistência governamental e
através do investimento e financiamento por instituições financeiras e empresas.
Deste bolo, 15.000 milhões de dólares serão disponibilizados em
empréstimos isentos de juros ou com condições preferenciais, 20.000 milhões em
linhas de crédito, 10.000 milhões num fundo especial para o desenvolvimento de
mecanismos financeiros e 5.000 milhões para financiar importações oriundas do
continente.
Xi anunciou igualmente uma isenção de taxas de juro para a
divida contraída junto do Governo chinês com vencimento no final de 2018, de
que serão beneficiários “os países menos desenvolvidos ou altamente
endividados, sem costa marítima ou pequenas nações insulares, que têm relações
[diplomáticas] com a China”.
O líder chinês estabeleceu ainda outros objectivos da cooperação
para os próximos anos, com a implementação de 50 programas de assistência para
a agricultura, assistência humanitária aos países afectados por desastres
naturais, 50.000 bolsas de estudo para estudantes oriundos de países africanos,
apoio no combate à luta contra o terrorismo e a pirataria e criação de um fundo
para impulsionar a cooperação em matéria de missões de paz e manutenção da
ordem.
A cimeira de dois dias reuniu em Pequim dezenas de chefes de
Estado e do Governo africanos com o objectivo de reforçar as relações entre as
53 nações africanas que mantêm relações com a China e o gigante asiático, mas
também para impulsionar a cooperação entre os dois blocos.
O secretário-geral da ONU António Guterres, que esteve também no
encontro, afirmou que as Nações Unidas vão “continuar a apoiar o esforço da
China na concretização de parcerias” e a promover a cooperação entre os países
africanos e sustentou que a relação entre a China e os países africanos pode
ser crucial para garantir “uma globalização justa” e um desenvolvimento
inclusivo, uma prioridade para as Nações Unidas.
A China foi durante o primeiro semestre de 2018 o maior parceiro
comercial de África, pelo nono ano consecutivo com o comércio bilateral a
aumentar 16%, em termos homólogos, para 98.800 milhões de dólares (84.600
milhões de euros).
Desde 2015, a média anual do investimento directo da China no
continente africano fixou-se em 3.000 milhões dólares (2.500 milhões de euros),
com destaque para novos sectores como indústria, finanças, turismo e aviação.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário