Líder do PAIGC augura relação profícua com Angola
Bissau, 11 mar 19 (ANG) - O presidente
do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
Domingos Simões Pereira, augurou, hoje, em Bissau, uma cooperação bastante
profícua com Angola, em caso de vitória do seu partido nas eleições
legislativas de domingo.
O PAIGC tem grandes hipóteses de vencer as eleições legislativas
guineenses, marcadas pelo civismo, forte participação dos eleitores e sob o
olhar dos observadores internacionais.
Em entrevista exclusiva à Angop, o político guineense acredita
que as relações históricas entre os dois povos e países subirão, em prol de uma
cooperação muito profícua para ambas as partes.
O político disse que a Guiné-Bissau olha para Angola como uma
referência africana muito importante, um país com uma economia mais robusta,
uma democracia mais desenvolvida e com responsáveis que conhecem bem a realidade
guineense, os actores políticos guineenses e os dirigentes do PAIGC.
Entende que esses são factores que irão trabalhar a favor de uma
aproximação e interacção bastante positiva, porque, segundo afirma, o facto de
Angola viver neste momento uma nova fase poderá beneficiar também o seu país.
Domingos Simões Pereira, que em anos idos exerceu o cargo de
secretário Executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP),
espera que a Guiné-Bissau possa também dar passos significativos que Angola já
deu nos últimos anos.
O líder do PAIGC está convicto de que Angola, o Governo
angolano, no caso, não terá dificuldades em favorecer uma cooperação séria
estratégica com a Guiné-Bissau num futuro governo sob sua liderança.
Para si, esse pressuposto deverá ser feito num quadro em que os
instrumentos de cooperação já são conhecidos e podem ser mobilizados de forma
célere.
“A nossa expectativa é que o povo conceda ao PAIGC uma maioria
absoluta de deputados na Assembleia Popular, para permitir que haja uma
governação de estabilidade”, reiterou, à Angop, Domingos Simões Pereira, na
capital guineense, Bissau.
Explicou que o seu partido persegue tal pressuposto porque
durante os últimos três anos e meio “as instituições da República e,
particularmente, o senhor Presidente da República, demonstraram grandes
dificuldades, para não dizer incapacidade em gerir a falta de uma maioria”.
Entende que, em democracia, cabe ao povo dirimir estas
dificuldades e pronunciar-se, de forma clara e inequívoca, sobre a quem concede
competência para os representar nos próximos quatro anos.
Em caso de vitória, disse, o PAIGC saberá coabitar com as demais
forças políticas.
Segundo o político, durante os três anos e meio que duraram a
última crise, apesar de comportamentos menos coerentes por parte de alguns
partidos que estiveram com o PAIGC na governação, nunca se pronunciou contra
nenhum deles.
A Guiné-Bissau tem vivido um ciclo muito longo de instabilidade,
de conflitos e dificuldades em consolidar um Estado de direito democrático.
De acordo com o líder do PAIGC, com as eleições de 2014 abriu-se
uma nova página porque os actores políticos que surgiram davam indicação de
poder resgatar o país e promover o desenvolvimento ambicionado por todos.
Logo após o início da governação, explicou, o PAIGC apresentou
um plano estratégico operacional que, para muitos, foi um documento para levar
à mesa redonda, mas para o seu partido tratava-se de uma espécie de contrato
social que convocava todos os actores políticos guineenses.
Domingos Simões Pereira disse haver um entendimento e consenso
para tirar o país desse marasmo de debate político sem substância.
Referiu que, infelizmente, nem todos deram provas de estarem
preparados para esse consenso e colocar o país em primeiro lugar.
Por isso, ressaltou que o PAIGC volta na condição de ser o único
partido portador de um projecto de sociedade que possa reunir os guineenses e
propor uma solução verdadeiramente exequível e sustentável para o
desenvolvimento do país.
“Sempre disse que não nos competia, a nós, julgar o
comportamento de um ou outro partido, o povo fará esse julgamento. O que nós
reprovamos, na altura, foi o facto de o Presidente da República não conseguir
se manter equidistante de um debate que é político e partidário”, exprimiu.
Explicou que vão continuar a dialogar com as outras forças
políticas e encontrar consensos para colocar os interesses da Guiné-Bissau em
primeiro lugar.
Lamentou, entretanto, o facto de haver ainda dirigentes
partidários que não estão preparados para essa convivência e que “vêm a
usurpação do poder como parte do exercício democrático, o que não é a
interpretação do que nós fazemos das regras democráticas”.
Por seu turno, o analista Raul Pires acredita na vitória do
partido de Domingos Simões Pereira nessas eleições legislativas.
“Domingos Simões Pereira é, precisamente, o político guineense
que neste momento melhor fala com a comunidade internacional, tem um discurso
inteligível, ou seja, ele sabe o que a comunidade internacional quer ouvir”.
Para si, Domingos Pereira percebe, claramente, os códigos da
linguagem da comunidade internacional e essa é receptiva aos discursos e as
propostas desse político guineense.
“Portanto, me parece muito importante mais Domingos Simões
Pereira do que o PAIGC sair reforçado desta eleição para levar avante o seu
programa de desenvolvimento nacional denominado “Terra Arranca”, que depende,
fundamentalmente, de máquinas agrícolas e do apoio da comunidade
internacional”, expressou.
No âmbito do acompanhamento das eleições legislativas, a Célula
de Monitorização Eleitoral da Guiné-Bissau colocou no terreno 420 monitores
para constatação das ocorrências que poderiam afectar o bom desempenho do
processo de votação.
No seu relatório, a Célula de Monitorização Eleitoral refere
que, de um modo geral, as assembleias de voto abriram no horário determinado
por lei, ou seja, no universo de 315 mesas, 286 abriram conforme a determinação
legal.
Constatou, entretanto, a interrupção em algumas assembleias de
voto devido aos incidentes de trocas de cadernos e ausências dos nomes de
alguns eleitores nos cadernos eleitorais.
Após as eleições legislativas correram sem sobressaltos na
Guiné-Bissau, os resultados provisórios serão conhecidos apenas na terça-feira,
mas a Comissão Nacional de Eleições (CNE) prometeu fazer hoje, segunda-feira,
um primeiro balanço da votação. ANG/Angop
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