Apelo a recuo na adopção de pena de morte para gays e
adúlteras em Brunei
Bissau, 02 abr 19 (ANG) – A ONU classificou segunda-feira como
cruel e desumana a nova legislação que instaura a pena de morte para
homossexualidade ou adultério no Brunei, pequeno Estado do sudeste asiático
muito rico em petróleo.
“Apelo ao governo [do Brunei] para que
não deixe entrar em vigor o novo código penal draconiano que, se for aplicado,
representará um sério recuo da protecção dos direitos humanos”, apelou a Alta
Comissária dos Direitos Humanos, Michele Bachelet, em comunicado hoje
divulgado.
A partir de quarta-feira, o Brunei vai
juntar-se ao grupo de países que penaliza o adultério e a homossexualidade com
a pena de morte, neste caso por apedrejamento e chicotadas.
O actor norte-americano George Clooney e
o cantor inglês Elton John já apelaram a um boicote aos nove hotéis de luxo
detidos pelo sultão do Brunei.
O Brunei, que adoptou uma interpretação
mais conservadora do Islão nos últimos anos, anunciou pela primeira vez em 2013
a sua intenção de introduzir a lei da sharia, o sistema legal islâmico que
impõe violentas penas físicas.
A decisão resulta de uma directiva do
sultão do Brunei, Hassanal Bolkiah, um dos chefes de Estado mais ricos do mundo
– com uma fortuna pessoal que ronda os 20 mil milhões de dólares (cerca de 18
mil milhões de euros) – e que se mantém no trono desde 1967.
Hassanal Bolkiah descreveu a
implementação do novo código penal como “uma óptima conquista”.
O anúncio de que a lei da sharia passará
a ser completamente implementada a partir de quarta-feira, sobretudo em relação
à comunidade gay, foi acolhida com horror pelos grupos de defesa dos direitos
humanos.
A Amnistia Internacional instou o Brunei
a “suspender imediatamente” a implementação destas sanções.
“Além de serem penas cruéis, desumanas e
degradantes, [a nova lei] restringe a liberdade de expressão, de religião e de
fé e põe no papel a discriminação contra mulheres e raparigas. Legalizar penas
tão cruéis e desumanas é pavoroso só por si”, afirmou a responsável da Amnistia
Internacional no Brunei, Rachel Chhoa-Howard.
ANG/Inforpress/Lusa
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