sexta-feira, 5 de julho de 2019

Venezuela


                      ONU denuncia ação de "esquadrões” da morte"
Bissau, 5 jul 19 (ANG) - A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou nesta quinta-feira (4) o número "surpreendentemente elevado" de supostas execuções extrajudiciais cometidas pelas forças de segurança na Venezuela, além da ação de grupos armados civis pró-governamentais que contribuem para o extermínio de inocentes. A afirmação é fruto de um relatório realizado após sua visita à Venezuela, de 19 a 21 de junho.
Nicolas Maduro
Segundo o relatório, as forças de segurança venezuelana prenderam e espancaram jovens e, em seguida, dissimularam uma forma de resistência dos suspeitos ou a presença de drogas e armas para justificar a detenção. De acordo com o estudo, essas manipulações fazem parte de uma estratégia global do governo de Nicolás Maduro para neutralizar a oposição.
Em suas conclusões, a ex-presidente do Chile pede a dissolução das Forças Especiais (FAES), à qual ela atribui em particular a maioria dos 5.287 assassinatos extrajudiciais. As mortes teriam ocorrido, supostamente, devido à "resistência à autoridade", durante as operações policiais em 2018. Mas, segundo Bachelet, esses números seriam muito mais elevados. Além disso, há 793 pessoas arbitrariamente privadas de liberdade, aponta a alta comissária.
A Venezuela atravessa uma profunda crise política há meses, com a disputa entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição ao lado do presidente interino autodeclarado, Juan Guaidó , reconhecido por cerca de 50 países. Os venezuelanos também estão passando por uma grave crise econômica, agravada por um embargo de petróleo e por sanções financeiras impostas pelos Estados Unidos para tentar tirar Maduro do poder.
"O governo se recusou a reconhecer a magnitude da crise até recentemente e não adotou as medidas apropriadas", explicou Bachelet. "A situação é complexa", admite a ex-presidente do Chile, que conseguiu  se encontrar com os príncipais protagonistas  da crise e com algumas vítimas.
A alta comissária também ressalta que "os grupos armados civis pró-governamentais conhecidos como coletivos contribuíram para a deterioração da situação, ao impor o controle social e ajudar a reprimir as manifestações".
Além da dissolução das FAES e desses "coletivos", Bachelet recomenda a criação de "um mecanismo nacional imparcial e independente", para analisar as execuções extrajudiciais. Ela também pede ao governo que publique regularmente dados abrangentes sobre saúde, acesso à água e comida, entre outros, da população venezuelana.
"Este relatório contém recomendações claras sobre medidas que podem ser tomadas imediatamente para parar as violações atuais, fornecer justiça às vítimas e criar um espaço para discussões significativas", diz Bachelet. O relatório recorda ainda que o Alto Comissariado solicitou a criação de um escritório permanente na Venezuela. ANG/RFI/AFP

Sem comentários:

Enviar um comentário