Divulgado documento com denúncia que motiva impechement de Trump
Bissau, 27 set 19 (ANG) - O Comité de Inteligência da Câmara dos Deputados
dos Estados Unidos divulgou na manhã de quinta-feira o documento com a denúncia
contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que motivou a abertura do
seu processo de impeachment.
A denúncia mostra que a Casa Branca estava "profundamente
perturbada" pelas ligações de Trump para a Ucrânia.
O documento traz a denúncia de que Trump usava "seu poder
para solicitar interferência de países estrangeiros na eleição americana de
2020". Entre as interferências há a pressão feita pelo presidente para que
outros países investigassem os seus rivais no pleito.
A denúncia aponta o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani,
como uma figura central no caso e o Procurador-geral, William Barr é citado
como "envolvido".
Segundo o texto, múltiplos funcionários da Casa Branca que
tinham conhecimento da ligação entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr
Zelensky, em 25 de Julho, informaram que o líder americano teria utilizado a
chamada para tratar de "interesses pessoais". "Nominalmente, ele
tentou pressionar o líder ucraniano a tomar acções para ajudar na reeleição
presidencial de 2020", diz.
O denunciante, cujo nome ainda não foi identificado, afirmou
ainda que, alguns dias depois da ligação, altos funcionários da Casa Branca
mobilizaram-se para "bloquear" todos os arquivos vinculados à
conversa.
O pedido para que Zelensky prosseguisse com a investigação do
ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter Biden e a promessa de que
Giuliani e Barr tratariam do caso aparece na denúncia.
O delator disse que os funcionários da Casa Branca estavam
"profundamente perturbados" pela ligação entre os presidentes.
Segundo ele, os advogados da Casa Branca estavam em discussão
para decidir "como tratar a ligação por causa da probabilidade de terem
testemunhado o presidente abusar de seu escritório para obter ganhos
pessoais".
"Estou profundamente preocupado que as acções descritas
abaixo constituam 'um sério ou escandaloso problema, abuso ou violação da lei
ou da ordem executiva' que 'não inclui diferenças de opinião no que diz
respeito a assuntos de políticas públicas', consistente com a definição de
'preocupação urgente'", diz o delator no documento.
O documento também diz que Trump aconselhou o seu
vice-presidente Mike Pence a cancelar a sua viagem para a Ucrânia no dia da posse
de Zelensky e ele próprio não iria conhecer o ucraniano até descobrir como
Zelensky "escolheu agir".
Trump também teria pedido ao presidente ucraniano para
investigar a empresa CrowdStrike, que foi contratada pelo comité do partido
Democrata para investigar invasão em seus computadores - o que mais tarde
apontou a Rússia como executora. O denunciante disse ter ficado confuso pela
obsessão de Trump com a empresa e porque a teria associado à Ucrânia.
"Não sei por que o presidente associa esses servidores à
Ucrânia", escreveu o denunciante em nota de rodapé em sua carta,
endereçada ao Congresso.
Segundo ele, vários funcionários da Casa Branca estavam na sala
no momento da ligação e ele não foi o único membro do comité de inteligência a
receber as atractivas da chamada.
O chefe de inteligência de Trump repondeu quinta-feira no
Congresso a questionamento acerca de como o governo lidou com o relato do
delator.
O director interino de Inteligência Nacional, Joseph Maguire,
depõe ao Comité de Inteligência da Câmara dos Deputados depois de ter se
recusado a compartilhar a denúncia feita pelo delator com o Congresso, apesar
de uma lei que exige que esta fosse enviada aos parlamentares depois de um
inspector-geral determinar que ela era urgente e crível.
Justificou o não compartilhamento devido ao "privilégio
executivo" que, segundo ele, não tem autoridade para negar. "Por
causa disso, não conseguimos compartilhar imediatamente os detalhes da denúncia
com esse comité", afirmou.
A divulgação deste documento ocorre um dia depois da Casa Branca
publicar a transcrição da conversa entre os dois líderes, a qual mostra que
Trump pediu a Zelensky que "olhasse" para sinais de suposta corrupção
contra um dos filhos de Biden.
Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama, é apontado no
momento como o favorito na disputa do Partido Democrata para obter a
candidatura à presidência.
Hunter Biden, seu filho, foi membro de 2014 a 2019 do comité de
monitoramento do grupo ucraniano de gás Burisma, que pertence a um oligarca
pró-Rússia de reputação duvidosa.
Trump negou qualquer irregularidade na conversa e na
quarta-feira afirmou: "Não ameacei ninguém, não pressionei, nada".
Zelensky também negou que tenha sido pressionado.
A possível pressão de Trump para influenciar o pleito americano
foi o que motivo a líder do Congresso, Nancy Pelosi, a abrir o processo de
impeachment contra o presidente na terça-feira. ANG/RFI
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