Franceses se despedem de Jacques Chirac
Bissau, 30 set 19 (ANG) – A França assinala hoje o dia de luto
nacional pela morte do antigo presidente, Jacques Chirac, e uma cerimônia reservada à família será
realizada pela manhã antes das honras militares, na presença do atual chefe de
Estado francês, Emmanuel Macron.
Ao meio-dia, um serviço
solene presidido por Macron será realizado na igreja de São Sulpício, em Paris.
Chirac será enterrado no cemitério Montparnasse, em Paris, e se tornará o
primeiro ex-presidente francês a ser sepultado na capital.
A presença de dezenas de
personalidades estrangeiras é esperada, com cerca de 30 chefes de Estado e de
governo anunciados. Entre eles, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, o
da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o russo Vladimir Putin, o italiano
Sergio Mattarella e os primeiros-ministros do Líbano, Saad Hariri, e da
Hungria, Viktor Orban.
Também estarão presentes
líderes da época em que Chirac esteve no poder, como o ex-presidente do governo
espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e o ex-chanceler alemão Gerhard Schröder.
Ás 15h, um minuto de silêncio será observado nas escolas e repartições
públicas.
Ao longo de sua carreira,
o falecido ex-presidente permaneceu fiel à sua rejeição à extrema direita, sua
preocupação com a coesão nacional e sua visão gaullista da política internacional
da França, considerada uma potência equilibrada que dialogava com todos os
atores.
No domingo milhares de
franceses deram adeus ao ex-presidente Jacques Chirac, figura
política do país durante quatro décadas, que faleceu na quinta-feira (26).
O tributo popular acontece
no Palácio dos Inválidos, em Paris.
As filas em frente ao
palácio se formaram desde cedo , apesar da chuva e do vento. Cidadãos de todas
as idades foram prestar uma última homenagem ao líder conservador, cujo caixão
fechado, envolto da bandeira francesa, foi exposto ao público, na entrada da
catedral Saint-Louis dos Inválidos.
Muitos choravam ao se
aproximar do corpo, colocado à frente de um imenso retrato de Chirac. “É a
primeira figura emblemática da França que pude conhecer”, disse Luca Gautier,
19 anos, um dos primeiros a ver o caixão e que descreve o líder como “um grande
homem, carismático, popular, humano”.
Discursos famosos de
Chirac ecoaram no palácio, onde se encontra o túmulo no imperador Napoleão
Bonaparte e outros heróis de guerra franceses. Um livreto com as citações mais
marcantes do ex-presidente foi distribuído aos presentes.
A morte de Chirac, "o
humanista", comoveu o país que presidiu por 12 anos (1995-2007), depois de
ter sido prefeito de Paris entre 1977 e 1995. Figura mítica da direita
francesa, ele estava doente há anos e aparecia pouco em público
Desde quinta-feira, cerca
de 5 mil franceses, alguns deles muito jovens, assinaram os livros de
condolências no Palácio do Eliseu, onde deixaram elogios fervorosos e expressaram
ternura e admiração por Chirac. O ex-presidente será sempre lembrado por ter se
oposto à guerra do Iraque em 2003, por ter reconhecido a responsabilidade da
França na deportação judeus durante a ocupação nazista na Segunda Guerra
Mundial e por sua frase "nossa casa está queimando", um alerta sobre
a situação climática, lançado em 2002.
Segundo uma pesquisa
publicada no Journal du Dimanche, Chirac, cuja popularidade não parou de
crescer desde que deixou o Eliseu em 2007, tornou-se o presidente da 5ª
República mais amado pelos franceses, empatado com Charles de Gaulle.
Muitos preferem não mencionar as questões judiciais do conservador que,
em 2011, se tornou o primeiro ex-presidente francês a ser condenado (dois anos
de prisão com suspensão da pena, por um caso de empregos fantasmas na
prefeitura de Paris).
A afeição demonstrada por
seus concidadãos se deve "mais" ao "que era" do que
"ao que fez", considerou o jornal conservador Le Figaro.
"Ele se ajustou às contradições de um
país", acrescentou o jornal, para o qual o ex-chefe de Estado "era
profundamente francês, com suas virtudes e fraquezas".ANG/RFI/AFP
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