Guerra entre
gigantes pode afetar economia global
Bissau, 04 out 19 (ANG) - A
disputa transatlântica entre EUA e União Europeia devido as subvenções
concedidas às suas indústrias aeronáuticas está ganhando contornos de uma
guerra comercial que pode ter efeitos negativos na economia global.
Não bastasse a guerra comercial travada pelo presidente
americano, Donald Trump, contra a China, os EUA decidiram agora esclar a
tensão com a União Europeia. Em questão, a disputa de 15 anos entre Washington
e Bruxelas na Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos subsídios às gigantes
Boeing e Airbus, duas das maiores fabricantes de aviões do mundo.
Esta semana, a OMC deu sinal verde a um pedido do governo
americano para impôr tarifas pesadas sobre produtos do bloco europeu. A
retaliação comercial no valor de US$ 7,5 bilhões ao ano deve atingir produtos
emblemáticos da Europa como o vinho e o queijo francês, o azeite espanhol, o
whisky escocês, entre outros. Segundo o orgão de resolução de litígios da OMC,
com sede em Genebra, o valor autorizado é proporcional ao apoio financeiro dado
à Airbus, no período de 2011 a 2013.
Exatamente daqui a duas semanas, no dia 18 de outubro, os EUA
devem anunciar as novas tarifas de importação para certos produtos oriundos da
União Europeia. Estas sanções americanas contra o bloco europeu agravam ainda
mais as incertezas para a economia mundial. A punição se daria via elevação de tarifas
de importação.
Nesta quinta-feira (3), o escritório da Representação Comercial
dos EUA divulgou uma lista com centenas de produtos agrícolas europeus e
aeronaves, que deverão ser submetidos a tarifas de 25% e 10%, respectivamente.
França, Alemanha, Reino Unido e Espanha serão os países mais
prejudicados por serem, segundo o governo americano, "os quatro
responsáveis pelos subsídios ilegais".
Vinhos, queijos, azeitonas, produtos suínos, manteiga, iogurte,
café, frutas, além dos aviões da Airbus, estão na mira dos EUA. Esta é a maior
sanção já aprovada pela OMC por causa de uma disputa comercial.
Os governos europeus, especialmente dos países que serão mais
afetados com as sanções comerciais americanas, estão preocupados. A França foi
a primeira a anunciar a intenção de adotar “medidas de represália” caso
Washington realmente aplique as tarifas.
O porta-voz para a área de Comércio do bloco, Daniel Rosario,
disse que “se os EUA impuserem contramedidas, forçarão a UE à uma situação que
teremos que fazer o mesmo”.
A comissária para Comércio do bloco europeu, Cecilia Malmström,
afirmou que Bruxelas está aberta para buscar com Washington uma solução
equilibrada para a disputa. Mas que ambos os lados - EUA e UE - foram
considerados culpados pelo sistema de solução de controvérsias da OMC "por
manterem os subsídios ilegais a seus fabricantes de aeronaves” - lembrou
Malmström.
Nos próximos meses, a OMC deve anunciar seu veredito sobre os
subsídios fornecidos pelo governo americano à Boeing.
A OMC tem sido palco da disputa transatlântica entre as gigantes
da aviação Boeing e Airbus há 15 anos. Em 2004, os EUA decretaram o fim do
acordo americano-europeu de 1992 que regulava os subsídios no setor da
aeronáutica.
Nesta época, Washington apresentou a primeira queixa contra a
Airbus, denunciando a ajuda financeira que a empresa recebia de países da UE
para o desenvolvimento de dois projetos: o superjumbo A380 e um avião menor, o
A350.
Um ano depois, foi a vez da UE reclamar que a Boeing havia
recebido milhões de dólares em subsídios ilegais do governo americano. Durante
o longo processo, cada lado obteve vitórias parciais, adiadas até agora por
vários recursos. Boeing e Airbus são as principais fabricantes de aeronaves
comerciais do mundo.ANG/RFI
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