Bissau,05 Nov 19(ANG) – O candidato às presidenciais
de 24 de novembro, Umaro Sissoco Embaló,apoiado pelo Movimento para a
Alternância Democrática da Guiné-Bissau, disse esta terça-feira que o país
"está no chão" e que está muito preocupado com a atual situação.
"Uma coisa
que eu sei é que a Guiné-Bissau está no chão, a nossa soberania, a nossa
dignidade está no chão. A única pessoa que não tem compromisso com ninguém e
que pode falar com qualquer outro estadista na Guiné-Bissau, sem compromisso, é
Umaro Sissoco Embaló", afirmou o general
na reserva.
Umaro
Sissoco Embaló falava aos jornalistas momentos após ter aterrado no aeroporto
Osvaldo Vieira, em Bissau, depois de ter estado ausente do país várias semanas.
"Infelizmente
hoje estamos a ver nas nossas instituições da República tropas estrangeiras e
para mim é uma invasão, independentemente do acordo. Quem é que trouxe essas
forças? O Mário Vaz tem essas forças com ele, Domingos Simões Pereira tem, eu
enquanto fui primeiro-ministro disse que não, que era guineense e confio nos
guineenses, porque os votos que vou pedir é aos guineenses", salientou.
A
Guiné-Bissau tem estacionada no país desde 2012 uma força de interposição da
CEDEAO, denominada Ecomib, para garantir a segurança e proteção aos titulares
de órgãos de soberania guineenses.
Umaro
Sissoco Embaló disse também que o foco de instabilidade no país é o Partido
Africano para a Independência da Guiné-Bissau (PAIGC) e Domingos Simões
Pereira, candidato às presidenciais daquele partido, e falou também do
Presidente José Mário Vaz, mas sublinhou que ainda não tinha
"elementos".
Nas
declarações aos jornalistas, o candidato do Madem-G15 criticou também a atuação
do embaixador dos Estados Unidos para a Guiné-Bissau, Tulinanbo Mushingi, que
afirmou que a comunidade internacional "não vê nenhuma razão para a
mudança do Governo", a 20 dias das eleições presidenciais.
O general
criticou também a missão ministerial da Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO), que esteve no fim de semana no país a avaliar a
situação política, por não ter ouvido os candidatos e os partidos políticos.
Questionado
sobre a alegada tentativa de golpe de Estado e das acusações de envolvimento
feitas contra si pelo primeiro-ministro Aristides Gomes, Umaro Sissoco Embaló
disse que não é golpista, nem traficante de droga.
A
Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste
momento dois governos e dois primeiros-ministros, nomeadamente Aristides Gomes
e Faustino Imbali.
O
Presidente guineense deu posse no dia 31 de outubro a um novo Governo, depois
de ter demitido o Governo liderado por Aristides Gomes em 28 de outubro, e
afirmou no domingo que a sua decisão "é irreversível".
A União
Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente de
demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem
o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que continua em
funções.
O Governo
de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por
ser candidato às eleições presidenciais, pelo seu mandato ter terminado em 23
de junho e por ter ficado no cargo por decisão da CEDEAO.
Uma
missão da CEDEAO, que chegou no sábado ao país, reforçou no domingo que a
organização apoia o Governo de Aristides Gomes e voltou a ameaçar impor sanções
a quem criar obstáculos à realização das presidenciais em 24 de novembro.
Na segunda-feira,
o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções a todos
aqueles que "minem a
estabilidade" da Guiné-Bissau.
O
Presidente convocou uma reunião do Conselho Superior de Defesa, mas não foram
divulgadas conclusões do encontro.ANG/Lusa
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