Comissão valida
acusações contra Trump e dá sinal verde para voto do impeachment
Bissau, 16 dez
19 (ANG) - A ata de acusação de Donald Trump foi aprovada na sexta-feira (13)
por uma comissão de maioria democrata do Congresso norte-americano, superando
uma etapa decisiva antes de uma votação histórica no processo de impeachment do
presidente dos Estados Unidos.
No entanto, a
maioria republicana do Senado torna praticamente impossível uma destituição do
chefe da Casa Branca.
O voto da Comissão Judiciária da Câmara de
Representantes estava previsto para quinta-feira (12), mas democratas e
republicanos se enfrentaram noite adentro, adiando o resultado.
Os defensores de Trump tentaram bloquear o
processo por meio de emendas e, após 14 horas de debate, a Comissão aprovou por
23 votos a favor, e 17 contra, duas acusações contra o republicano: "abuso
de poder" e "obstrução do Congresso".
"Hoje é um dia solene e triste",
disse o presidente do comitê, Jerry Nadler, depois das votações, convocadas com
surpreendente rapidez após um maratônico debate televisionado no dia anterior e
que se estendeu até quase meia-noite. Agora, a ata segue de volta para a
Câmara, que deve votar neste texto em sessão plenária prevista para
quarta-feira, de acordo com a imprensa local.
A maioria democrata na Casa já avisou que
a acusação será aprovada, mas, diante do domínio republicano no Senado, é pouco
provável que Trump seja afastado do cargo. Enquanto na Câmara basta uma maioria
simples para aprovação, no Senado é necessária uma maioria de dois terços.
A Casa Branca considerou a aprovação das
acusações contra Trump como o "final vergonhoso" de uma "farsa
desesperada". "O presidente espera receber, no Senado, o tratamento
justo e o devido processo que a Câmara continua negando, vergonhosamente",
disse a secretária de Imprensa de Trump, Stephanie Grisham, em um comunicado.
Trump voltou a chamar o processo contra
ele de "caça às bruxas" e "fraude", afirmando, porém, que
está sendo beneficiado politicamente. "As pesquisas estão nas
nuvens", disse ele à imprensa, ao receber na Casa Branca seu colega
paraguaio, Mario Abdo.
Nas redes sociais, o presidente também
ironizou o debate sobre sua possível destituição. "Como se alvo
impeachment quando não se fez nada de errado, se cria a melhor economia da
história do nosso país (...) gera empregos, empregos, empregos? Loucura!",
disse o chefe da Casa Branca.
Os congressistas democratas afirmam que
Trump reteve, por interesses eleitorais e pessoais, ajuda militar para a
Ucrânia.
Ele também é acusado de oferecer uma
visita à Casa Branca ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em troca de
Kiev abrir uma investigação contra o ex-vice-presidente Joe Biden. O democrata
é um dos principais rivais democratas do republicano para as eleições de 2020.
Os democratas também consideram que Trump
cometeu obstrução ao tentar bloquear os esforços do Congresso de investigar as
ações do presidente. Os rivais de Trump alegam que se trata de uma violação da
Constituição, a qual concede ao Legislativo um mandato de supervisão do Poder
Executivo.
Antes de Trump, dois presidentes
americanos enfrentaram um julgamento político: Andrew Johnson, em 1868, e Bill
Clinton, em 1998. Mergulhado no "Watergate", o republicano Richard
Nixon renunciou, em 1974, antes da votação, evitando o impeachment. ANG/RFI
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