Bissau,
27 mar 20 (ANG) -- A médica
pediatra guineense Fatumata Diallo revelou quinta-feira que tem
sido contactada por pessoas "que pensam erradamente" que a cloroquina
pode ser usada para evitar contrair o novo coronavirus.
"Não podemos pensar em usar a cloroquina como
profilaxia, pois ela não pode impedir ninguém de apanhar o coronavírus", afirmou a medica, que trabalha nos serviços da
pediatria do centro maternoinfantil, em Bissau.
Segundo
a Lusa,médica formada no Brasil, Fatumata Diallo disse que tem sido constantemente contactada, nos
últimos três dias, por guineenses, no país e no estrangeiro, com perguntas
sobre se podem tomar a cloroquina, um medicamento para tratameto de doenças
como a malária, como elemento de profilaxia para a covid-19.
A médica
desaconselha sobretudo às pessoas que pensam na automedicação, lembrando que a
cloroquina até já tinha sido suprimida do mercado, sendo apenas prescrita à
pacientes com lúpus e reumatoide, justamente, disse, por conter "muitos
efeitos colaterais".
No caso
concreto do covid-19, fatumata Diallo disse que as informações da comunidade
médica internacional apontam no sentido de que a cloroquina "tem estado a
ajudar" doentes já infetados.
"O
que sei é que (a cloroquina) deve ser usada apenas para pacientes em caso grave,
com problemas de insuficiência pulmonar, porque há evidências de que a
cloroquina consegue matar o vírus", declarou a médica guineense, que disse
não pretende, contudo, oficializar o uso daquele medicamento.
"Apenas
quero alertar os guineenses, pós tenho sido contactada por conhecidos, que me
perguntam se podem começar a tomar a cloroquina como elemento
profilático", observou Fatumata Diallo.
Nos
últimos dias, as farmácias de Bissau têm relatado que as pessoas aumentaram a
procura pela cloroquina e em muitos estabelecimentos já não há mais aquele
remédio, que era bastante usado no combate à malária.
A
médica recomendou ainda aos pais que reforcem a higiene pessoal às crianças, a
quem deve ser explicado o que é o novo coronavírus, quais as formas do contágio
e que cuidados devem ter, ao mesmo tempo que se deve impor o isolamento no
ambiente familiar, disse.
O uso
da cloroquina foi recomendado nomeadamente pelos presidentes dos Estados
Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, mas ainda decorrem estudos
científicos sobre a eficácia do medicamento.
Em
entrevista à Lusa, o presidente do Instituto português de Higiene e Medicina
Tropical, Filomeno Fortes, referiu que a cloroquina não previne infeções pelo
novo coronavírus, mas admitiu que pode ajudar a conter o vírus em doentes com
covid-19.
"O
nosso conselho é que as pessoas não utilizem a cloroquina profilaticamente
porque não vai funcionar. A cloroquina só vai começar a funcionar a partir do
momento em que a pessoa estiver infetada e vai ajudar a diminuir a replicação
do vírus ao nível do pulmão", disse o médico angolano.
As
autoridades no poder na Guiné-Bissau declararam, na terça-feira, que duas
pessoas (cidadãos estrangeiros) testaram positivo por covid-19 e hoje foi
imposto ao confinamento social, que se traduz na redução de liberdade de
circulação de pessoas e veículos.
As
fronteiras terrestres, marítimas e áreas já tinham sido encerradas desde o dia
17 deste mês.
O
continente africano registou até hoje 73 mortes devido ao novo coronavírus,
ultrapassando os 2.700 casos, em 46 países.
O novo
coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil
pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Depois
de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que
levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários
países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o
encerramento de fronteiras.ANG/lusa