Bissau,21 Abr.20 (ANG) - Os líderes das plataformas
juvenis na Guiné-Bissau mostraram-se segunda-feira preocupados com o facto de o
novo coronavírus estar a infetar mais a juventude que continua cética em
relação à existência da doença no país, mantendo as rotinas diárias.
Aissatu Djaló |
Em
declarações à Lusa, Aissatu Djaló, líder do Conselho Nacional da Juventude
(CNJ) e Seco Nhaga, presidente da Rede Nacional das Associações Juvenis
(Renaj), mostraram-se apreensivos com “o comportamento dos jovens, mesmo
perante os apelos das autoridades” sanitárias para que fiquem em casa.
Aissatu
Djaló, que é medica, defendeu que das 50 pessoas infetadas até hoje na
Guiné-Bissau pela covid-19, a maioria são jovens com idades entre os 25 e 34
anos.
“Infelizmente,
os jovens não estão a seguir as recomendações das autoridades sanitárias
guineenses e nem da OMS (Organização Mundial da Saúde), que lhes pedem para
ficarem nas suas casas”, declarou a líder do CNJ.
A mesma
preocupação é partilhada por Seco Nhaga, líder da Renaj.
“Preocupa-nos
esta conduta errante dos jovens, que são a maioria da população guineense. O
vírus não anda, não tem pernas, ele é movimentado, sobretudo pelos jovens, que
também são os mais infetados até aqui”, sublinhou Seco Nhaga, enfermeiro de
profissão.
Os dois
dirigentes juvenis propõem às autoridades a adoção de “outras medidas” e o
reforço da sensibilização junto daquela franja da população, que dizem não ser
só a juvenil, que ainda continua a afirmar que o novo coronavírus não chegou à
Guiné-Bissau.
Aissatu
Djaló observou que os jovens, foram os primeiros a iniciar ações de
sensibilização sobre o novo coronavírus na Guiné-Bissau, mas também notou que
“muitos jovens”, sobretudo de Bissau, continuam a não acreditar na existência
da covid-19 no país.
Seco
Nhaga disse ser triste “continuar a encontrar jovens nas ruas sem necessidade,
a deambularem nos bairros, a visitarem-se entre si, a praticar desporto e a
beberem do mesmo copo”, nos convívios, frisou.
“A
Renaj intensificou o trabalho de se sensibilização através da Rádio Jovem de
Bissau, que é património da Renaj”, afirmou Nhaga que vê o comportamento da
juventude guineense como principal vetor de propagação do novo coronavírus no
país.
As
autoridades da Guiné-Bissau declararam estado de emergência até dia 26 no
âmbito ao combate e prevenção do novo coronavírus e entre várias medidas
limitaram a circulação de pessoas ao período entre as 07:00 e as 12:00 locais.
A nível
global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 164 mil mortos e infetou
mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil
doentes foram considerados curados.
A
doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em
Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para
combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas
(mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e
reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da
economia mundial.ANG/Lusa
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