Covid-19/ Mais de 200 detidos em manifestações
no Senegal
Bissau,
05 jun 20 (ANG) - Mais de 200 pessoas
foram detidas nos últimos dois dias, no Senegal, em protestos violentos contra
as restrições impostas para conter o coronavírus, anunciou quinta-feira o
ministro do Interior senegalês, Aly Ngouille Ndiaye.
Presidente do Senegal |
Desde terça-feira,
várias cidades senegalesas têm sido palco de manifestações contra o estado de
emergência, o recolher obrigatório e a proibição de circulação entre regiões,
medidas decretadas para conter a covid-19 no país, que regista 3.923 casos, 45
mortes e 2.063 doentes recuperados.
As manifestações
começaram nas cidades de Thiès, Touba e Mbacké, onde jovens que afirmam ser
transportadores queimaram pneus e ergueram barricadas nas principais estradas
para apelar ao fim das medidas de proibição dos transportes entre cidades e
manifestar a sua revolta por terem ficado sem meios de subsistência.
Durante a noite, os
protestos, em que houve confrontos com a polícia, também se espalharam por
Dacar, e outras cidades como Mbour, Saly, Tambacounda, Kaffrine ou Kaolack.
"Estamos cansados
de ficar em casa", foi uma das frases gritadas durante as manifestações
contra o recolher obrigatório, que tiveram lugar nos bairros mais populosos de
Dacar e onde a polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.
"Estamos fartos. As
autoridades viajam de noite porque partilham os passes. Entretanto, nós, os
pobres, somos obrigados a fechar-nos nas nossas casas das nove da noite às
cinco da manhã", disse um manifestante, citado pelo jornal Sud Quotidien.
"Nós nem sequer
temos o suficiente para comer, ou para sustentar as nossas famílias. Não somos
funcionários públicos. Isto tem de acabar e (...) o Presidente da República tem
de falar com o povo", disse outro dos manifestantes ao mesmo jornal.
Segundo o jornal
Tribune, em Kaolack, um jovem de 23 anos foi gravemente ferido pelo impacto de
um veículo policial e corre risco de vida no hospital.
Em Touba e Mbacké, as
instalações da Companhia Nacional de Electricidade do Senegal e as da estação
de rádio RFM de Mbacké, que pertence ao grupo de comunicação fundado pelo
cantor Youssou N'Dour, foram vandalizadas.
Do mesmo modo, em Touba,
três veículos de intervenção policial e uma ambulância foram queimados e um
centro de tratamento de doentes da covid-19 atacado, segundo um funcionário
senegalês, citado na rádio sob condição de anonimato.
Hoje, o Governo
senegalês anunciou o alívio do recolher obrigatório nocturno e o reinício dos
transportes entre cidades.
O início do recolher
obrigatório, anteriormente estabelecido para as 21h00 (locais e GMT), foi
adiado para as 23h00.
"A partir de hoje(quinta-feira),
será aplicado o levantamento das restrições aos transportes em todo o
território nacional com a manutenção do recolher obrigatório das 23:00 às 05:00
da manhã", anunciou o ministro do Interior, Aly Ngouille Ndiaye, num
discurso transmitido na televisão pública deste país, que faz fronteira com a
Guiné-Bissau.
"As reuniões em
locais públicos ou privados, restaurantes, pavilhões desportivos e casinos
beneficiarão das mesmas medidas de relaxamento", acrescentou.
No Senegal, as medidas
adoptadas desde Março para conter a propagação do novo coronavírus tem vindo a
gerar um descontentamento crescente, afectando particularmente as camadas mais
desfavorecidos, num país onde 40% da população vive abaixo do limiar de pobreza
e onde muitos vivem da economia informal, segundo o Banco Mundial.
O Senegal é o quarto
país da África Ocidental com maior número de casos confirmados.
No total dos 15 países,
a África Ocidental regista 758 mortos e 37.690 infecções.
O número de mortos em
África devido à covid-19 subiu hoje para 4.601, mais 108, em mais de 162 mil
casos, nos 54 países, segundo os dados da pandemia no continente.
De acordo com o Centro
de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de
mortos passou de 4.493 para 4.601 (+108), enquanto o de infectados subiu de
157.322 para 162.673 (+5.351).
Os mesmos dados referem
que o número de doentes recuperados passou os 70 mil (70.475), mais 3.468 do
que no dia anterior.
O primeiro caso de
covid-19 em África surgiu no Egito em 14 de Fevereiro e a Nigéria foi o
primeiro da África subsaariana a registar casos de infecção, em 28 de
Fevereiro.
A nível global, a
pandemia de covid-19 já provocou mais de 382 mil mortos e infectou mais de 6,4
milhões de pessoas.
Mais de 2,7 milhões de
doentes foram considerados curados.ANG/Angop
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