Covid-19/ONU pede aos países medidas para a reabertura das escolas
Bissau, 04 Ago 20 (ANG) – As Nações Unidas
pediram hoje a todos países para que seja dada prioridade à reabertura das
escolas sempre que haja controlo da transmissão local dos contágios de
covid-19, alertando que o encerramento prolongado pode provocar uma “catástrofe
geracional”.
“Vivemos um momento
decisivo para as crianças e jovens de todo o mundo. As decisões que os governos
venham a tomar agora vão ter um efeito duradouro em centenas de milhões de
jovens, assim como nas perspectivas de desenvolvimento dos países, durante
décadas”, assinalou o secretário-geral da ONU, António Guterres, através de uma
mensagem em vídeo.
Guterres apresentou um
relatório elaborado pela organização para analisar o impacto do encerramento
das escolas, institutos e universidades e propõe recomendações aos responsáveis
políticos.
De acordo com o
relatório, já se verificava uma “crise na educação” no mundo, antes da
pandemia de SARS CoV-2, com mais de 250 milhões de crianças que não estavam
escolarizadas e, nos países em desenvolvimento, apenas uma quarta parte dos
alunos do ensino secundário tinham terminado os estudos com “competências
básicas”.
“Agora enfrentamos uma
catástrofe geracional que pode vir a desperdiçar um potencial humano
incalculável, minar décadas de progresso e exacerbar desigualdades instaladas”,
disse Guterres.
A pandemia, sublinhou
Guterres, causou “a maior disrupção de sempre na educação”.
Segundo dados da ONU, em
meados de Julho as escolas permaneciam encerradas em mais de 160 países, o que
afecta mais de mil milhões de estudantes sendo que mais de uma centena de
países ainda não anunciaram as datas de reabertura.
Entre os aspectos que
mais preocupam as Nações Unidas destacam-se o tempo perdido por milhões de
crianças do pré-escolar, uma etapa considerada essencial, disse em conferência
de imprensa a directora geral adjunto para a Educação da UNESCO, Stefnia Giannini.
A educação à distância,
com aulas através da rádio, televisão ou internet, “deixa muitos alunos para
trás”, avisa a ONU que destaca em especial o risco daqueles que sofrem
deficiências, de comunidades minoritárias ou desfavorecidas, os deslocados,
refugiados e aqueles que vivem em zonas remotas.
Assim, a pandemia está a
aumentar as desigualdades na educação e ameaça desfazer rapidamente os
progressos alcançados nas últimas décadas.
Perante esta situação, a
ONU pede a aplicação de medidas, começando pela reabertura das escolas o mais
rápido possível, uma questão que está a gerar amplos debates em vários países.
“Assim que a transmissão
local de covid-19 esteja controlada é preciso devolver os alunos às escolas e
aos estabelecimentos de ensino de forma segura: esta deve ser uma das
prioridades fundamentais”, afirmou Guterres.
Para a ONU “é essencial
encontrar um equilíbrio entre os riscos para a saúde e os riscos para a
educação e protecção das crianças e ter em conta também a repercussão da
situação na participação das mulheres na força do trabalho”.
Segundo o relatório, em
todo este processo é fundamental consultar os pais, cuidadores, docentes e os
próprios alunos.
As Nações Unidas pedem
para que seja dada prioridade à educação na distribuição de fundos, protegendo
e aumentando os orçamentos para a educação nas contas públicas dos respectivos
países e reclama que a questão passe a estar no centro dos “esforços
internacionais de solidariedade”.
A ONU pede também
especial atenção aos estudantes em situação mais vulnerável e pede para que
seja “aproveitada” a pandemia para se transformar os sistemas educativos
através de infra-estruturas digitais, revitalizando a aprendizagem ou usando
métodos de ensino mais flexíveis.
“Temos uma oportunidade geracional de recriar a educação e o ensino. Podemos dar um salto e avançar para sistemas progressistas que consigam educação de qualidade para todos, como um ‘trampolim’ para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável”, disse Guterres.ANG/Inforpress/Lusa
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