Guiné-Bissau/ ONU fala de
“clima politicamente carregado” que eleva desconfiança
Bissau,12
Ago 20(ANG) - A representante especial do
secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau disse na segunda-feira que eventos
recentes provocaram “um clima politicamente carregado, com crescente
desconfiança entre as partes envolvidas” no país.
O cenário traduz-se em “um ambiente
hostil, que torna difícil que se chegue a um acordo em prol da estabilidade
política e construção de consenso em torno das prioridades nacionais de
consolidação da paz.”
A enviada disse ainda que enquanto as
novas autoridades se concentram em consolidar o poder, o partido Paigc, que
venceu as eleições legislativas do ano passado, “contesta a votação parlamentar
de 29 de junho”. A sessão parlamentar aprovou o programa do governo de Nuno
Nabiam, designado primeiro-ministro pelo proclamado presidente Umaro Sissoco
Embaló.
Coulibaly disse que o Paigc continua a
questionar a legalidade dessa sessão, alegando erros de procedimento e
“denunciando ameaças e atos de intimidação contra membros do Parlamento”
ocorridos antes da reunião. Mas realçou que esta força política ainda reitera o
seu apelo de uma solução política para a crise.
Diante do desejo de formação de um
governo de base ampla, tendo Nuno Nabiam como primeiro-ministro, a
representante disse que as perspectivas de obter um avanço são baixas. Ela
destacou a forte oposição do Paigc à adesão ao atual governo.
Rosine Sori-Coulibaly defende uma
solução sustentável que promova a estabilidade, na qual “todos os lados se
comprometam” na Guiné-Bissau. Mas disse que, por agora, as partes fincam pé em
suas posições.
A mensagem destaca preocupações com a
insegurança e as violações dos direitos humanos com ocorrências que aumentaram
as tensões políticas.
Um dos eventos foi a operação de 26 de
julho à Rádio Capital FM, considerada aliada da oposição, onde houve detenções
arbitrárias e intimidação. Ela apontou denúncias de pessoas e políticos
considerados opositores da atual administração.
Um outro fator com potencial de acirrar
disputas é o desejo do presidente de “mudar o sistema de governança - de
semipresidencial para presidencial - sob a nova Constituição.
Para a representante, esse cenário pode
ocorrer na nova aliança parlamentar Madem-G15, seus apoiadores e o novo
primeiro-ministro se a situação “não for cuidadosamente administrada e
amplamente discutida, compondo assim ainda mais uma já frágil situação.”
Em 31 de dezembro, a ONU prevê encerrar
o Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na
Guiné-Bissau, Uniogbis. A missão política apoia os esforços em busca de uma
solução da atual crise, os desafios da Covid-19 e a atua na coordenação com a
equipe da ONU no país.
Com o Fundo de Construção da Paz foram
apoiados vários parceiros, incluindo agências das Nações Unidas e organizações
da sociedade civil para que continuem sendo implementadas prioridades de
consolidação da paz.
Rosine Sori-Coulibaly pediu que
continuem os esforços internacionais em apoio ao país. Ela alertou que será
essencial ter fundos para evitar um abismo financeiro, ao apelar ao auxílio dos
países no Quadro de Cooperação com a Guiné-Bissau.ANG/ONU NEWS
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