TikTok/Donald Trump deu ultimato a rede social chinesa
Bissau, 05 Ago
20 (ANG) - O Presidente norte-americano, Donald Trump, deu um ultimato à rede
social chinesa Tik Tok para vender as suas actividades nos Estados Unidos
até 15 de Setembro, senão pode ser banida do país.
A Propósito, a
RFI entrevistou Alcides Fonseca, professor no departamento de Informática da
Faculdade de Ciênciais da Univerisdade de Lisboa, começando por lhe perguntar
se TikTok seria a nova arma política e/ou económica na disputa
entre os Estados Unidos e a China.
“A Internet sempre foi uma plataforma
inter-nações muito aberta, tirando aquele cantinho da China e alguns outros
países onde existia a chamada grande muralha ou a grande ‘firewall’ da China
onde o governo controla o que é que os cidadãos podem ver na internet. O que os
Estados Unidos estão a fazer é dar o primeiro passo para fazer a mesma coisa no
próprio país”, começa por explicar Alcides Fonseca.
Questionado sobre se a aplicação pode
constituir um risco à segurança norte-americana, como justifica a Casa Branca,
o especialista em informática recorda que, no início de Junho, a morte de 20
soldados indianos na fronteira com a China levou a Índia a banir o TikTok. “A questão é: quanta desta informação dos
utilizadores é que poderá ter ajudado as operações militares chinesas?”.
Alcides Fonseca sublinha, ainda, que em
2017 existia uma rede social, a Strava, que partilhava trajectos de
corrida e de bicicleta dos utilizadores e que se notava que “em países como o Afeganistão, onde apenas
estrangeiros usavam a aplicação, conseguia-se ver as bases americanas que
supostamente deveriam ser secretas”.
Por outro lado, “os vários escândalos que têm vindo a ser
revelados ao público” ligados ao Facebook revelaram que “é possível manipular a opinião pública e
condicionar o voto a partir das ‘Fake News’".
“Não é uma preocupação para o governo americano se for o Facebook, a
Google ou a Apple a controlarem os dados dos utilizadores. Todas estas empresas
têm uma porta das traseiras em que se dá acesso à CIA e ao FBI aos dados, mesmo
que não sejam de norte-americanos, mesmo que sejam dados europeus”,
explica.
Segundo a RFI, a Microsoft está na corrida
à compra das operações americanas da TikTok. A aplicação, detida pela
chinesa ByteDance, tem cem milhões de utilizadores nos Estados Unidos e
cerca de dois mil milhões em todo o mundo. Uma pepita “made in China” que faz sombra
ao americano Facebook e que Donald Trump considera como um risco à segurança
nacional. Se o negócio for fechado, Trump já avisou que o Tesouro
norte-americano deve receber uma fatia.
Alcides Fonseca considera que é
uma consequência dos Estados Unidos terem um presidente capitalista porque no
seu passado Donald Trump era um empresário e fazia parte do perfil dele pensar
‘como posso ganhar dinheiro com isto?’.
“ E aqui vê-se
mais ou menos o mesmo. Alguém vai comprar o TikTok a um preço abaixo do que seria
o preço do mercado por causa desta imposição em vender. Portanto, Donald Trump
pensa: Se eu vou dar um desconto a alguém, quero uma fatia por ter feito esse
desconto”, disse.
Obrigar o TikTok a vender a sua parte
americana aos americanos não constitui uma ameaça à liberdade de expressão,
depois de, em Maio, Donald Trump ter ameaçado fechar redes sociais após o
Twitter ter advertido para “Fake News” divulgadas por ele na plataforma?
Afinal, o TikTok é uma arma política e/ou económica?
“Eu diria que o poder é sobretudo económico, em que eles conseguem controlar o que é que se poderá vender em termos de produtos porque o público-alvo [do TikTok] é um público muito jovem. Ainda não é um público que vota, não é um público que está em posição de tomada de decisão. O Facebook transmite muito mais conteúdos que possam influenciar quer votos quer actividade económica em geral, enquanto o TikTok são vídeos mais de entretenimento. Obviamente que, daqui a uns anos, os que eram adolescentes passam a já não ser adolescentes e obviamente que poderá ter outro peso. Mas as redes sociais não tendem a durar muitas décadas, eventualmente poderá surgir outra que substitui esta, que foi o que aconteceu com o Snapchat e com muitas outras antes dessa que tiveram um pico e depois morreram”, conclui. ANG/RFI
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