Angola /Celebração dos 45 anos com marcha não autorizada e
inauguração de hotel nacionalizado
Bissau, 11 Nov 20 (ANG) – Angola celebra hoje o seu 45.º aniversário como país independente com manifestações não autorizadas e a inauguração de um hotel nacionalizado em Luanda.
Em termos de cerimónias
oficiais, condicionadas devido à pandemia de covid-19, os 45 anos da “Dipanda”
começam em Luanda pelas 07:00 com o içar da bandeira, no Museu Central das
Forças Armadas Angolanas.
Duas horas mais tarde,
será a vez da deposição de uma coroa de flores no Memorial Dr. António
Agostinho Neto.
O Presidente da
República, João Lourenço, inaugura pelas 10:00 o Hotel Intercontinental, no
Miramar, nacionalizado em Outubro por ter sido construído com recurso a fundos
públicos e que pertence agora integralmente à Sonangol, a petrolífera estatal
que foi presidida por Manuel Vicente também ex-vice-presidente de Angola.
Pela mesma hora, deverão
estar a dirigir-se para o Largo de Santa Ana, os jovens e activistas que
prometem marchar até ao Largo 1.º de Maio (Largo da Independência),
reivindicando melhores condições de vida e eleições autárquicas em 2021.
O Governo Provincial de
Luanda proibiu a marcha invocando incumprimento de horário, falta de moradas e
as medidas vigentes na actual situação de calamidade pública, mas os
organizadores desafiam a proibição que dizem não ter bases legais e mantêm a
intenção de sair às ruas.
Noutras províncias
chegam relatos de detenções de activistas e coordenadores de protestos
semelhantes e o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, afirmou na
segunda-feira, em Benguela, que as forças de segurança não vão permitir
ajuntamentos com mais de cinco pessoas, em obediência ao decreto presidencial
que actualizou a situação de calamidade pública.
“Não garanto [que não
haja confronto], desde que respeitem a lei… e também a segurança pública”,
disse o ministro, sublinhando que, “pacificamente, as pessoas estão
autorizadas, mas devem respeitar o decreto, ajuntamento com mais de cinco
pessoas é violação”.
Em 24 de Outubro, uma
manifestação convocada pelos mesmos organizadores foi fortemente reprimida pela
polícia e terminou em Luanda com a detenção de cerca de uma centena de manifestantes,
incluindo jornalistas, libertados uma semana depois.
Nos últimos dias,
organizações não-governamentais e partidos da oposição têm destacado o direito
das pessoas a manifestarem-se, enquanto as autoridades e representantes do
partido no poder, Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), falam de
incitação à violência e à desordem e multiplicam apelos à paz social e ao
patriotismo.
O Presidente João
Lourenço criticou na terça-feira quem está a tirar proveito político da actual
situação mundial, “que não foi criada pela boa ou má actuação dos governos”,
lembrando que as medidas adoptadas se destinam a salvar vidas.
João Lourenço, que
discursava numa cerimónia de homenagem às categorias profissionais que
se têm destacado na luta contra a pandemia de covid-19, frisou que as
medidas que o executivo determinou no decreto presidencial em vigor “visam
salvar a vida dos angolanos, e, portanto, devem ser acatadas pelos cidadãos”.
Já o Bureau Político do
MPLA exortou os angolanos a participarem “de forma patriótica” nas actividades
comemorativas dos 45 anos da independência do país.
“A estabilidade
social e política são bens inalienáveis arduamente conquistados com suor,
sangue e lágrimas consentidos pelos melhores filhos da nossa amada pátria”,
salientou o órgão do partido no poder.ANG/Inforpress/Lusa
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