Estados
Unidos/Televisões
cortam discurso de Trump e desmentem Presidente, Fox incluída
Bissau, 06 20 (ANG) – Algumas das principais estações de televisão
dos Estados Unidos, como ABC, CBS e NBC, cortaram o discurso do Presidente no
horário nobre, enquanto a Fox News, referência informativa do Partido
Republicano, desmentiu as alegações de Donald Trump.
A divisão no canal de
notícias conservador está a aprofundar-se cada vez que Trump repete as
alegações de fraude eleitoral.
“Não vimos nada que
constitua fraude ou abuso do sistema”, disse o correspondente da Casa Branca
para a Fox News, John Roberts, em directo, da mesma sala de imprensa em que o
Presidente falara segundos antes.
Nos estúdios, em Nova
Iorque, os apresentadores repetiam continuamente. “Não vimos nenhuma prova”.
Horas depois, em
programas de opinião nocturnos, a apresentadora da Fox News, Laura Ingraham,
deu uma volta de 180 graus e questionou num editorial o facto do voto pelo
correio ser contado, afirmando que “a América deve encontrar o vencedor na
noite das eleições ou na manhã seguinte”.
A mesma estação, o canal
pago de notícias mais assistido, foi palco de grande tensão na noite da eleição
de terça-feira, depois de declarar o rival de Trump, o democrata Joe Biden,
vencedor do Arizona, antes que outros ‘media’ o fizessem.
A diferença de critérios
na programação da Fox News reflecte a tensão editorial que existe entre os
jornalistas de uma empresa que vive um dilema: decidir entre continuar a apoiar
a deriva do discurso de Trump ou a verificação das suas denúncias contra o
sistema eleitoral.
Enquanto isso, as três
principais estações de sinal aberto – NBC, ABC e CBS – cortaram e desmentiram veementemente
o discurso de Trump em pleno directo.
“Temos de interromper
Trump porque o Presidente fez uma série de afirmações falsas”, disse o
jornalista Lester Holt, apresentador do NBC Nightly News, um dos três programas
de notícias mais seguidos na televisão em sinal aberto.
O mesmo foi feito por
David Muir, apresentador do noticiário mais seguido no país, com oito milhões
de telespectadores diários, o ABC World News Tonight.
“Simplesmente não houve
prova, em nenhum desses estados, de que haja votos ilegais”, disse.
Em seguida, o jornalista
explicou que, devido à pandemia do coronavírus, a votação por correspondência
aumentou, quebrando recordes: mais de 100 milhões de norte-americanos votaram
antes, o que prolongou o escrutínio.
A CBS, a terceira em audiências,
iniciou um apuramento de factos quando Trump terminou o discurso e desmentiu
todas as acusações de “fraude” e “corrupção do sistema”.
Mais contundentes foram
os serviços de informação da rádio pública norte-americana, NPR: “Trump, mais
uma vez, reivindicou falsamente a vitória nas eleições de 2020. Ele não ganhou.
Os votos ainda estão a ser contados”, afirmou.
Por sua vez, os canais
pagos de notícias CNN e MSNBC, conhecidos por posições mais liberais,
comentaram duramente: “Que noite triste para os Estados Unidos”.
Trump “está a tentar
atacar a democracia com uma série de falsidades. Mentira após mentira após
mentira”, lamentou o apresentador Jake Tapper.
No programa da CNN, Rick
Santorum, um comentador do partido de Trump e ex-senador, declarou-se “impressionado
e decepcionado” depois de ouvir o Presidente.
Praticamente nenhum
grande meio de comunicação corroborou as acusações de fraude eleitoral feitas
pela campanha de Trump.
“Trump disse sem provas
que a eleição foi corrupta e fraudulenta”, publicou Nicole Carroll, editora do
USA Today, um dos jornais generalistas mais lidos nos Estados Unidos.
O Washington Post, o New
York Times e o Los Angeles Times também desmentiram o Presidente.
Da mesma forma, a
Justiça da Geórgia e do Michigan negou provimento aos primeiros processos
movidos por Trump, que depende do apoio mediático da Fox News, que se vai
diluindo, e de plataformas “alternativas” que surgiram nas redes sociais. ANG/Inforpress/Lusa
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