África Subsariana/Covid-19 provoca contração de cerca de 4 por cento na produção
Bissau, 06 Jan
21 (ANG) - A produção na
região da África Subsariana sofreu uma contração de cerca de 3,7% em 2020,
devido às perturbações na atividade económica provocadas pela pandemia da
COVID-19 e os bloqueios associados, revela um estudo do Banco Mundial sobre
perspectivas económicas globais em África, cujo relatório foi esta quarta-feira
enviado à ANG.
O documento
indica que como resultado, o rendimento per capita diminuiu 6,1% em 2020,
fazendo retroceder em, pelo menos uma década, os padrões de vida médios num
quarto das economias da África Subsaariana.
Os países mais
afetados foram os países com grandes surtos domésticos, os fortemente
dependentes das viagens e do turismo, e os exportadores de matérias-primas, em
especial os exportadores de petróleo.
Os focos da
COVID-19 persistiram no segundo semestre do ano passado em vários países, com
poucos sinais de diminuição.
Na Nigéria e na
África do Sul, a produção caiu abruptamente durante ano passado. Estima-se que
a economia da Nigéria tenha sofrido uma redução de 4,1% em 2020, uma vez que os
efeitos da pandemia afetaram a atividade económica em todos os setores.
Na África do Sul, onde a atividade económica
já era fraca antes da COVID-19, estima-se que a produção tenha sofrido uma
redução de 7,8% no ano passado. O país sofreu o surto mais grave da pandemia na
região e enfrentou lockdowns rigorosos que paralisaram a economia.
Os países
exportadores de petróleo da região enfrentaram preços nitidamente mais baixos
(Angola, Guiné Equatorial, República do Congo, Sudão do Sul), enquanto aqueles
com grandes setores de viagens e turismo suportaram uma ausência quase completa
da atividade de visitantes (Cabo Verde, Etiópia, Maurícia, Seychelles). As
contrações nos exportadores de matérias-primas agrícolas de base foram menos
acentuadas (Benim, Costa do Marfim, Malawi e Uganda).
Em perspectivas, o BM prevê-se que o
crescimento na região recupere moderadamente para 2,7% em 2021.
“Embora se preveja que a recuperação do consumo privado e do investimento
seja mais lenta do que anteriormente previsto, espera-se que o crescimento das
exportações acelere gradualmente, em consonância com a recuperação da atividade
entre os principais parceiros comerciais” lê-se no relatório.
Acrescenta que a retoma da atividade nas principais economias avançadas e
emergentes e nos principais parceiros comerciais da região (Europa, China e
EUA) baseia-se principalmente em notícias positivas sobre o desenvolvimento e o
início da distribuição de vacinas, assim como em novos pacotes de estímulo
orçamental.
As expetativas de uma recuperação lenta na África Subsariana refletem
surtos COVID-19 persistentes em várias economias que prejudicaram a retoma da
atividade económica.
A pandemia é projetada para fazer
com que os rendimentos per capita diminuam 0,2% este ano, estabelecendo
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ainda mais fora do alcance em
muitos países da região.
A previsão é que esta inversão empurrou mais algumas dezenas de milhões de
pessoas para a pobreza extrema no ano passado e empurre mais este ano.
Quanto
aos riscos, o relatório refere que têm uma inclinação negativa. O crescimento dos
principais parceiros comerciais poderá ficar aquém das expetativas. A
distribuição em larga escala de uma vacina contra a COVID-19 na região irá
provavelmente enfrentar muitos obstáculos, incluindo infraestruturas de
transporte deficientes e a reduzida capacidade dos sistemas de saúde.
Essas
restrições, diz o relatório, agravadas por catástrofes naturais, como as
recentes inundações devastadoras e a crescente insegurança, em particular no
Sahel, poderão atrasar a recuperação.
A dívida pública na região aumentou acentuadamente
para cerca de 70% do PIB no ano passado, elevando as preocupações sobre a
sustentabilidade da dívida nalgumas economias. Os bancos podem enfrentar
aumentos acentuados em empréstimos não produtivos à medida que as empresas
lutam para pagarem as suas dívidas devido à queda das receitas.
Os danos
duradouros da pandemia poderão diminuir o crescimento a longo prazo através dos
efeitos devastadores da dívida elevada sobre o investimento, do impacto dos
bloqueios na escolaridade e no desenvolvimento do capital humano e dos
resultados mais fracos em matéria de saúde. ANG/BM
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