São Tomé e Príncipe/ Presidente veta polémica
revisão da Lei Eleitoral
Bissau, 07 Jan 21 (ANG) - O Presidente santomense, Evaristo Carvalho, vetou a polémica lei eleitoral aprovada a 13 de dezembro no parlamento por 28 votos da maioria que sustenta o governo e 1 voto da ADI, na oposição, uma lei que está no ponto da discórdia entre a nova maioria no poder constituída pelos partidos MLSTP-PSD e a coligação PCD-MDFM-UDD.
Com eleições presidenciais, autárquicas e
regionais agendadas para este ano e legislativas em 2022, o Presidente Evaristo Carvalho, vetou a proposta de revisão da lei
eleitoral alegando que como "garante da Constituição, não pode dar o seu aval a um texto com o qual não está em total harmonia,
mormente no que respeita aos limites ao exercício de direitos cíveis
e políticos de forma livre".
Esta polémica lei prevê, entre
outros aspectos, a impossibilidade de cidadãos concorrerem às eleições sem
estarem filiados a um partido político, ou ainda a impossibilidade de
candidatos não nascidos no arquipélago, ou que não tenham nele residido
durante pelo menos os 180 dias anteriores à eleição, o que a ADI, que se regozija com o veto presidencial,
considerando que a revisão da lei, ora vetada, excluía uma eventual candidatura às
presidenciais do seu líder Patrice Trovoada, antigo primeiro-ministro
entre 2014 e 2018 e que desde estão reside no estrangeiro.
O projecto de lei permite o voto
da diáspora nas eleições legislativas previstas para 2022
e cria dois círculos eleitorais: Europa e África, permitindo
à diáspora dispor de dois deputados, mas impede cidadão nascidos e/ou
residentes na diáspora de concorrerem à Presidência da República.
Evaristo
Carvalho, antigo vice-presidente do partido ADI, que o apoiou na sua eleição em 2018, aguarda
que seja apresentada uma reforma integral
do pacote legislativo que respeite a constituição do país.
Na carta enviada ao Presidente da
Assembleia Nacional e datada de 30 de dezembro 2020, o Chefe de Estado faz
ainda recordar que “num passado não
longínquo [2014] uma
tentativa de revisão semelhante foi objecto de rejeição presidencial, por terem
sido detectadas nela normas inconstitucionais e que nesta data continuam a
suscitar desentendimentos graves.
O Presidente da República diz ainda, que
não se pode descurar que as leis eleitorais brigam com os direitos e liberdades
e as respectivas garantias que são fundamentais para a estabilidade do Estado
de Direito.
Os partidos políticos
com deputados na Assembleia Nacional estão reunidos
para analisar o veto presidencial, o
que aponta para uma reapreciação do referido diploma.
Segundo uma fonte contactada
pela RFI, admite-se que o parlamento se
pronuncie ainda esta semana sobre o assunto.
Assinado por mais de uma dezena de
cidadãos santomenses o Manifesto da Sociedade Civil é datado de 2, foi entregue
no dia seguinte ao Presidente Evaristo Carvalho, pedindo-lhe que vetasse a
Lei Eleitoral.
Dias antes, a 1 de dezembro 2020, um grupo de cidadãos
alertou para a inconstitucionalidade
da revisão da Lei Eeleitoral que data de 1990 e que segundo eles visa dividir
os santomenses.ANG/RFI
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