Região Africana/OMS Alerta para aumento de casos de cancro
Bissau, 04 Fev 21(ANG) – A directora regional da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para a África, Matshidiso Moeti, alertou
hoje para o aumento do número de casos de cancro, que duplicou na Região
Africana.
O Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que é assinalado hoje sob o tema “Eu sou e eu vou”, marca, de acordo com a OMS, o fim de uma campanha de três anos que tem procurado reduzir o medo em torno do cancro, melhorar a compreensão da doença e mudar comportamentos e atitudes em relação à mesma.
“Nos últimos 20 anos, o
número de novos casos de cancro mais do que duplicou na Região Africana, passando
de 338 000 casos notificados em 2002 para quase 846 000 casos em 2020
sendo as formas mais comuns o cancro da mama, do colo do útero, da próstata, do
intestino, do cólon, do recto e do fígado”, realçou Matshidiso Moeti,
sublinhado que os factores de risco associados ao cancro incluem a idade
avançada e história familiar, o consumo de tabaco e álcool, entre outros.
A responsável, que
revelou que a Região Africana tem o fardo mais elevado de cancro do colo do
útero entre as regiões da OMS, realçou ainda que a adopção, em 2020, pela
Assembleia Mundial da Saúde, da Estratégia Mundial para acelerar a eliminação
do cancro do colo do útero foi de “grande relevância”.
“Na maioria dos países
africanos, as comunidades têm acesso limitado aos serviços de rastreio, detecção
precoce, diagnóstico e tratamento do cancro. Apenas cerca de 30% das crianças
africanas diagnosticadas com cancro sobrevivem, em comparação com 80% das
crianças em economias de rendimento elevado”, referiu, sublinhando que os
desafios no acesso a cuidados oncológicos são ainda mais agravados em tempos de
crise, como na actual pandemia da covid-19.
Segundo Matshidiso
Moeti, a interferência da indústria, nomeadamente através da promoção e
comercialização de produtos cancerígenos, constitui um desafio cada vez maior.
Assinalou que a
introdução da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) deve ser reforçada
para a prevenção do cancro do colo do útero.
Até à data, observou, 17
países africanos alargaram a vacinação contra o HPV a todo o território nacional,
incluindo o Ruanda e o Zimbabué, que estão ambos a alcançar uma elevada
cobertura vacinal a nível nacional graças ao compromisso assumido pelos seus
governos e parceiros.
“No futuro, o crescente
fardo do cancro exercerá pressões adicionais sobre os sistemas de Saúde com
recursos limitados e sobre os doentes e suas famílias que deverão suportar
custos catastróficos para acederem aos serviços”, disse, afirmando que a
prestação de serviços para o cancro, incluindo os cuidados paliativos, deverá
ser integrada em pacotes de prestações e regimes de segurança social.
Para reforçar os
serviços de oncologia, a OMS recomenda o desenvolvimento das capacidades dos
profissionais de saúde a nível distrital, juntamente com a implementação de um
sistema de vigilância abrangente e o investimento em inovações digitais que
melhorem o acesso a cuidados oncológicos.
Finalmente, recorda que todos têm um papel a desempenhar na redução do estigma em torno do cancro, na melhoria da compreensão desta doença e na sensibilização das pessoas para a importância do rastreio e cuidados precoces.ANG/Inforpress
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