Mali/Assimi Goïta empossado
presidente interino
Bissau, 07 Jun
21 (ANG) - Assimi Goïta tomou posse como presidente interino do Mali esta
segunda-feira, 7 de julho, num contexto de forte desconfiança dos
parceiros externos depois de dois golpes de estado no país.
Carlos Alberto Martins, empresário em
Bamaco, capital maliana, admite o cansaço da população .
"É uma situação atípica. No primeiro golpe de estado, Assimi Goïta foi
nomeado vice-presidente. O presidente do Mali foi nomeado civil. A carta que
tinha sido estabelecida pelas partes, a sociedade civil e militar, estava a ser
desviada pelo presidente de transição. Houve então o segundo golpe de estado
dentro do golpe de estado principal”,explica o empresário.
Em Bamaco, capital do Mali, Carlos Alberto
Martins garante estar tudo aparentemente normal.
"Faltam
9 meses para que as eleições se possam realizar. Não se vê nada de anormal, em
Bamaco, em relação à situação política. A única coisa que eu sinto é que há um
atraso na economia devido a toda esta situação”, disse.
O empresário salienta que existe, no
entanto, uma desconfiança assumida quanto às palavras dos militares.“É sempre de desconfiar porque ao longo da
história, em todos os países onde há golpes de estado em que os militares estão
envolvidos, há sempre uma certa desconfiança”, referiu, realçando,
porém, a esperança num futuro melhor.
"Temos de dar crédito a este militar porque ele tem assumido publicamente
que está decidido a levar a bom termo esta transição e a respeitar os prazos
para as eleições. Vamos dar-lhe crédito e acreditar que seja verdade”,
diz, mostrando-se esperançoso.
O empresário fala ainda sobre as reações
dos parceiros ao facto de França ter decidido suspender as operações
militares conjuntas com o Mali.
"Tanto a população maliana como os parceiros económicos já estão
cansados desta situação, pois, segundo parece, é o único país no mundo onde há
um golpe de estado dentro de um golpe de estado. Isto cria uma certa
instabilidade para os parceiros económicos se a situação assim continuar porque
não se vê que o país se possa desenvolver se esses golpes de estado se
sucederem", defende.
Segundo Carlos Alberto Martins, a
população está a sofrer muito com a instabilidade que se faz sentir no Mali:
"A população, os próprios
malianos, estão cansados desta situação. Pode acreditar que há uma grande
percentagem da população que come uma vez por dia, que não tem possibilidade de
comer duas vezes. Na parte
económica, vê-se que há também uma grande dificuldade”.
Por sua vez, o avanço dos jihadistas no
país também é preocupante. “O que temos
sentido e é o que se lê na imprensa é que os terroristas ganham terreno. Quando
começaram estavam condicionados ao norte do Mali. Entretanto, já estão no
centro do país. E agora com a França a não cooperar com os militares malianos,
o que se teme é que os terroristas se aproveitem desta falha para irem até ao
sul”, remata. ANG/RFI
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