Política/Líder do PUN critica que aparelho de Estado se tornou refém de partidos políticos
Bissau 02 Jun 21 (ANG) – O
líder do Partido da Unidade Nacional (PUN),afirmou hoje que as causas das
sucessivas convulsões sociais e políticas no país têm a ver com lutas dos
partidos políticos para “fazer o Estado seu refém”.
Idriça Djaló que proferiu
estas declarações numa conferência de imprensa na qual falou sobre a actual
situação política do país, referiu que, nas duas últimas semanas, o país entrou,
mais uma vez, em graves, convulsões políticas e sociais, o que segundo ele não
era de estranhar.
“Há muitos anos que o PUN
estava a chamar a atenção dos actores políticos sobre a incapacidade do sistema
que vigora no país para responder as espectativas do povo guineense”, disse.
Djaló afirmou estar convicto
de que este sistema de governação e arranjos políticos partidários não vai estar
nunca à altura de responder aos desafios existentes, uma vez que deste a
entrada da democracia em 1994 vive-se de crise em crise, e que o mais extraordinário
é a recusa da classe politica em colocar verdadeiros problemas para a busca de
uma solução.
Segundo ele, o sistema
político em vigor no país está dividido em três blocos a saber, o primeiro é formado
pelo partido-Estado, o segundo é o partido-politico-militar e o terceiro eixo é
a corrupção.
“Mais uma vez estas desavenças que iniciaram
vai dar razão ao Partido da Unidade Nacional e se não forem tomadas medidas
adequadas, vai colocar o país numa situação grave”, considerou.
O líder do PUN salientou que
apesar do regime vigente no país é semipresidencial com separação de poderes
entre o Presidente da República e o Governo, que é a emanação dos partidos de
acordo com os resultados obtidos nas urnas, já está a tornar uma tradição de que cada vez
que o país sair de eleições presidenciais, partidos e grupos que apoiaram o
vencedor do escrutínio criam maiorias na Assembleia Nacional Popular, em função
dos seus interesses sem nenhum projecto politico.
“E estes depois da divisão das pastas
governativas subentendem que são donos das instituições fazendo o que bem
entenderem, colocando quem quiserem na Função Pública, sem respeiro das regras,
fazendo explodir a massa salarial que nenhum Governo pode aguentar”, criticou.
Idriça Djaló disse que os
partidos consideram-se mais fortes que o
Estado, dando ordem a administração do Estado, e diz que ainda se isso acontece é
legítimo que os dirigentes e quadros dos partidos que fazem parte do Governo
pensarem que têm direito de tomar conta dos ministérios e empresas públicas.
“Esta tradição acaba por destruiu
a administração pública nacional que devia estar ao serviço do interesse
nacional”, disse.
Para Djaló tudo desmoronou na
justiça que quase não faz o seu trabalho porque a politica atingiu todos os
sectores da vida do país.
Disse que a solução é recorrer-se
ao que chama de “Estados Gerais” ou seja
ouvir o povo sobre o modelo que quer para alavancar o país.
“Nesse sentido cada um dá a
sua visão. O agricultor, pescador, mecânico, comerciantes e outros vão mostrar
um modelo que preferem para administrar o país, uma vez que a ANP não é entidade
indicada para fazer a revisão da Constituição”, disse.
Para o politico, uma
eventual queda do parlamento neste
momento só iria, uma vez mais, adiar os problemas, uma vez que já ficou clara
que as eleições antecipadas não resolver
os problemas essenciais do país, mas que
só os adiam. ANG/MSC/ÂC//SG
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