CPLP/ Sociólogo guineense Miguel de Barros considera de "má opção” a estratégia economicista adotada pela organização
Bissau, 13 jul 21 (ANG) -- O sociólogo
guineense Miguel de Barros considerou segunda-feira que a estratégia
economicista adotada pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi
uma "má opção" e que o modelo de mobilidade, que poderá ser adotado,
em Luanda, é algo "classista".
Numa
análise à agência Lusa sobre os 25 anos de criação da CPLP, Miguel de Barros
salientou que a criação da comunidade permitiu gerar uma "outra
dinâmica" de produção económica, cultural e científica e dar protagonismo
internacional à diplomacia dos estados-membros, "mas isso não foi
acompanhado por um desenvolvimento institucional que pudesse salvaguardar a
efetiva presença da CPLP, quer nos estados-membros, quer a nível global".
Para
o sociólogo, a "CPLP optou por uma estratégia mais economicista, do que propriamente
uma estratégia de cidadania que pudesse permitir o empoderamento da
comunidade".
“Essa
estratégia economicista foi baseada no alargamento da comunidade a outros
países, mas em função de recursos que pudessem dar um peso económico e a partir
desse peso económico a nível internacional ter peso político. Acho que foi uma
má opção", sublinhou.
O
sociólogo guineense referia-se à geopolítica do petróleo, salientando que essa
expansão "não correspondeu aos desafios do ponto de vista da cidadania, a
melhoria da democracia nos estados-membros".
"Temos
o hoje Brasil numa situação muito crítica, sem capacidade de influência da
CPLP, temos a Guiné-Bissau numa situação muito crítica, sem capacidade de
influência da CPLP, temos Angola numa situação também muito crítica do ponto de
vista económico, sem capacidade de influência da CPLP, São Tomé idem, Cabo
Verde é um dos países mais endividados de África", disse.
Não
se vê, depois, como é que essa estratégia económica também permite injetar
capitais de modo a que o setor público e privado tivessem capacidade de
influenciar as transformações económicas desejáveis, criação de
bem-estar", afirmou Miguel de Barros.
Para
o sociólogo, o "mais crítico da ação da CPLP é sobretudo aceitar que além
de ser uma comunidade afetiva é uma comunidade linguística".
Lembrando
que a CPLP ainda tem países onde os falantes de português ainda não são a
maioria da população, Miguel de Barros disse que ainda não se vê a língua como
património capaz de "permitir maior fluidez e capacidade de produção de
conhecimento, de promoção de investimento e de promoção criativa".
"Quando
se vê o orçamento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, quando se vê
a estrutura e a sua amplitude e impacto ao nível do estados-membros vemos que
há um trabalho enorme a fazer porque este projeto ainda não foi assumido como
um desafio prioritário", afirmou.
Não
se vê, depois, como é que essa estratégia económica também permite injetar
capitais de modo a que o setor público e privado tivessem capacidade de influenciar
as transformações económicas desejáveis, criação de bem-estar", afirmou
Miguel de Barros.
Para
o sociólogo, o "mais crítico da ação da CPLP é sobretudo aceitar que além
de ser uma comunidade afetiva é uma comunidade linguística".
Lembrando
que a CPLP ainda tem países onde os falantes de português ainda não são a
maioria da população, Miguel de Barros disse que ainda não se vê a língua como
património capaz de "permitir maior fluidez e capacidade de produção de
conhecimento, de promoção de investimento e de promoção criativa".
"Quando
se vê o orçamento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, quando se vê
a estrutura e a sua amplitude e impacto ao nível do estados-membros vemos que
há um trabalho enorme a fazer porque este projeto ainda não foi assumido como
um desafio prioritário", afirmou.
E
as pessoas que não estão nesta categoria e que são produtoras de economia.
Hoje, a maioria mobilidade entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde não é feito no
quadro diplomático, nem cientifico, nem artístico, é feito por atores e atrizes
da economia real, da economia não formal e que dinamizam a vida económica dos
dois países e de toda a comunidade", salientou.
"Essas
pessoas não têm direito ao estatuto de cidadão da CPLP ? Essas pessoas não têm
direito a sair de Moçambique para a Guiné-Bissau sem visto? O que difere na
condição dessas categorias? É o seu estatuto perante o acesso a determinado
nível de burocracia? Então se é isso a comunidade não é para todos",
questionou e afirmou o sociólogo.
"Não
acredito que o modelo permita salvaguardar direitos e garantias e igualdade de
todos, mas também que possa gerar o impacto mais desejado em termos de
capacidade de transformação nas nossas sociedades", concluiu.
Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.ANG/Lusa
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