Venezuela/TPI avança para investigação formal por violação dos Direitos Humanos
Bissau, 04 Nov 21 (ANG) – O Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Governo venezuelano assinaram um acordo que prevê a passagem à fase de investigação das denúncias contra a Venezuela por violação de Direitos Humanos e crimes contra a humanidade.
O acordo foi assinado no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, pelo Procurador-geral do TPI, Karim Khan, e o Presidente Nicolás Maduro, que manifestou estar em desacordo com a passagem à fase de investigação, mas prometeu colaborar.“À medida que avançamos
neste caminho, entramos numa nova fase, e estou satisfeito por, através das
cartas que acabámos de assinar, nos comprometermos a trabalhar em colaboração
positiva e de forma independente”, anunciou o procurador.
Desde 08 de Fevereiro de
2018 que o TPI investiga a Venezuela, para determinar a existência de
fundamentos para a abertura formal de uma investigação sobre alegados crimes
cometidos no contexto de violentas manifestações anti-regime ocorridas em 2017.
A Venezuela acusa o
Grupo de Lima (coligação de vários países da América Latina que procuram uma
mudança de regime na Venezuela), de promover a investigação contra Caracas no
TPI.
Em Novembro de 2020 a
ex-procuradora-geral do TPI, Fatou Bensouda, disse que existia “uma base
razoável para acreditar” que na Venezuela foram cometidos crimes que lesam a
humanidade, desde 2017, e “de competência daquele organismo”.
Hoje, Karim Khan
explicou ainda que o seu gabinete “trabalhará sempre em conformidade com o
Estatuto de Roma”.
“Peço a todos que, à
medida que avançamos para esta nova fase, dêem ao meu gabinete o espaço de que
necessita para realizar o seu trabalho”, apelou.
O procurador explicou
ainda que está “plenamente consciente das falhas que a Venezuela está a
atravessar e que existem”.
“Vou, francamente,
analisar e ter em conta, e não gostaria que se fizesse esforço algum para
politizar o trabalho independente que o meu gabinete realiza”, sublinhou Karim
Khan.
O Procurador do Tribunal
Penal Internacional, Karim Khan, iniciou domingo uma visita à Venezuela, para
reuniões de alto nível com as autoridades venezuelanas.
A visita, segundo o TPI,
tem o propósito de intensificar as relações directas, em consonância com o
princípio de complementaridade do Estatuto de Roma.
Durante a conferência de
imprensa, que foi transmitida pela televisão estatal venezuelana, o Presidente
Nicolás Maduro disse existir opiniões diferentes sobre a decisão e convidou a
equipa de Karim Khan a regressar ao país para continuar com a investigação.
“Da avaliação e do
debate, o Procurador decidiu passar à seguinte fase. Não partilhamos a decisão,
mas respeitamos (…) e submetemo-nos profundamente à letra deste documento
histórico que foi assinado”, disse Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro explicou
que durante a visita de Karim Khan a Caracas houve um diálogo positivo e franco
com o Procurador e sublinhou que “com o memorando (assinado) emerge uma grande
verdade”, de que “a Venezuela garante a justiça com instituições que estão na
disposição de melhorar”.
“Sou o primeiro que quer
saber a verdade, que se saia das dúvidas que possam ter sido criadas, das
campanhas mediáticas e de redes sociais. Digo-lhe que sou um homem de Deus, um
crente profundo. Em nome de Deus peço a verdade, peço justiça para o nosso país”,
disse Maduro ao Procurador.ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário