terça-feira, 14 de dezembro de 2021

 Costa do Marfim/Charles Blé Goudé exige ao TPI que o ajude a regressar à casa

Bissau,14 Dez 21(ANG) – Charles Blé Goudé, um dos “homens-fortes” do regime do ex-Presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo, definitivamente absolvido pela justiça internacional em março, exigiu segunda-feira ao Tribunal Penal Internacional que o ajude a regressar ao seu país.

“É vosso dever fazerem-me regressar à Costa do Marfim. Têm autoridade. Têm esse poder. Têm essa obrigação”, declarou num discurso perante os juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Blé Goudé intervinha na audiência para decidir sobre um pedido de indemnização que interpôs em Setembro, em que afirma ter sido vítima de “um grave e manifesto erro judiciário”.

“Quando fui absolvido, fiquei feliz porque foi o fim de uma provação, mas estava seriamente enganado. A minha provação continua hoje e continua”, prosseguiu.

“Hoje, o cidadão Blé Goudé tornou-se apátrida”, acrescentou, alegando que nem tem passaporte para poder viajar.

Desde que foi absolvido da acusação de crimes contra a Humanidade, em 31 de março e na mesma data que Laurent Gbagbo, Charles Blé Goudé ainda não regressou à Costa do Marfim, por falta de passaporte.

Em meados de julho, foi recebido na embaixada da Costa do Marfim em Haia para iniciar o processo de obtenção daquele documento.

No mês passado, o porta-voz do governo da Costa do Marfim pediu “paciência” aos apoiantes de Blé Goudé, explicando que os atos da administração pública podem por vezes ser “lentas”.

Detido em 2013 no Gana, Blé Goudé – apelidado de “o general da rua” por sua capacidade de mobilizar multidões e especialmente os jovens – foi transferido para o TPI em Haia em 2014.

Os que se lhe opõem e algumas organizações não-governamentais internacionais consideram-no um dos que mais contribuiu para a violência durante a crise pós-eleitoral de 2010-2011, aquando da recusa de Laurent Gbagbo em reconhecer a derrota contra Alassane Ouattara, nas eleições presidenciais e que conduziu a confrontos que provocaram cerca de 3.000 mortos.

Tal como Laurent Gbagbo, Blé Goudé foi condenado à revelia na Costa do Marfim a 20 anos de prisão por factos relacionados com a crise pós-eleições.

Embora o governo costa-marfinense tenha deixado entender que a sentença contra Gbagbo fosse retirada, nunca se referiu sobre a de Charles Blé Goudé.

ANG/Inforpress/Lusa

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