Venezuela/Parlamento opositor mantém-se em funções e ratifica Juan Guaidó como presidente
Bissau,
28 Dez 21(ANG) – O parlamento opositor da Venezuela aprovou segunda-feira
preliminarmente uma reforma do Estatuto para a Transição Política no país, o
que permite manter-se em funções por mais um ano, e ratificou Juan Guaidó como
presidente interino.
A
sessão do parlamento opositor, eleito em 2015, teve lugar de maneira virtual e
durante o debate alguns parlamentares manifestaram apoiar a iniciativa,
enquanto outros levantaram dúvidas sobre a constitucionalidade de prolongar,
por um segundo ano consecutivo, o seu funcionamento, que inicialmente seria de
quatro anos.
“Nem
em 2018 houve uma eleição presidencial, nem em 2020 houve uma eleição
parlamentar. A Venezuela não pode estar sem poderes legítimos, e por isso,
apoiamos a continuidade constitucional do poder legislativo e da presidência
interina”, disse o deputado Freddy Guevara.
O
opositor sublinhou ainda que aprovar o Estatuto para a Transição Política “é a
única decisão coerente e constitucional para sair da ditadura” e que “seria um
suicídio” para o parlamento opositor retirar o apoio a Juan Guaidó e
“reconhecer Nicolás Maduro” como Presidente.
Desde
janeiro de 2020, a Venezuela tem dois parlamentos parcialmente reconhecidos –
um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, cujos deputados foram
eleitos em 2015, e um pró-regime de Nicolás Maduro, presidido por Jorge
Rodríguez.
Os
deputados do parlamento pró-regime foram empossados a 05 de janeiro de 2021,
depois de eleitos em 6 de dezembro de 2020 num escrutínio não reconhecido pela
oposição.
Vinte
dos 265 integrantes do parlamento pró-Maduro são opositores que se
desvincularam de Guaidó e um do Partido Comunista.
Hoje,
o também opositor Edwin Lozardo condenou a reforma por “violar a Constituição”
ao “pretender estabelecer um governo legislativo que não está contemplado no
texto constitucional, tirando todas as competências ao Executivo”.
A
reforma do Estatuto para a Transição Política na Venezuela, que deverá ser
ainda submetida a dois debates antes da sua aprovação definitiva, segundo a
imprensa local, limita as funções de Guaidó, prevendo que sejam nomeadas “juntas
diretivas ad-hoc” para institutos públicos, autónomos, fundações estatais,
associações, sociedades civis e empresas do Estado, incluindo as constituídas
no estrangeiro.
Por
outro lado, o governo interino fica impedido de usar instrumentos contratuais e
financeiros relacionados com os ativos do Estado venezuelano no estrangeiro,
atribuição que passa a ser um exclusivo do parlamento opositor, que deverá
ainda nomear juntas de administração para a empresa estatal Petróleos de
Venezuela SA e empresas filiais.
O
adido comercial da representação dos Estados Unidos para a Venezuela, James
Story, reagiu à decisão do parlamento e felicitou, através do Twitter, a
ratificação de Guaidó como chefe do organismo e presidente interino do país.
“Felicitamos
a Assembleia Nacional pelos seus esforços na procura de uma solução democrática
em torno da continuidade. Continuamos a reconhecer a validade da Assembleia
Nacional de 2015, e do presidente interino Juan Guaidó. O regresso às
negociações no México é o melhor caminho a seguir”, escreveu James Story na sua
conta do Twitter.
A
crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de
2019, quando Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino do país até
afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições
livres e democráticas. ANG/Inforpress/Lusa
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