Mali/CEDEAO impõe duras sanções ao país
Bissau, 10 Jan 22(ANG) - A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou domingo, 9 de Janeiro, que vai impor novas sanções contra o Mali, uma vez que a Junta Militar que lidera o país recusou realizar eleições a 27 de Fevereiro deste ano e, consequentemente, devolver o poder aos civis.
Assim sendo e como
forma de represália, a CEDEAO decidiu adoptar duras sanções contra este país
africano.
A Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental ordenou a retirada de todos os embaixadores das
15 nações africanas de Bamako, capital maliana e o congelamento das contas dos membros da Junta Militar.
Para além disso, vai
existir ainda a suspensão de todas
as transacções comerciais com o Mali, à excepção de produtos
básicos e medicamentos e também o fecho
de fronteiras terrestres e aéreas com o país, conforme deu
conta o presidente da Comissão da Comunidade económica dos Estados da
África ocidental, Jean-Claude Kassi Brou.
"Estas sanções
dizem respeito ao encerramento das fronteiras terrestres e aéreas entre todos
os países da CEDEAO e o Mali. Trata-se também da suspensão de todas as
transacções comerciais e financeiras entre os países membros da CEDEAO e o
Mali, com excepção dos produtos alimentares de consumo em larga escala, de
medicamentos, de equipamentos e materiais de luta contra a Covid-19, de
produtos petrolíferos e da electricidade", começou por referir o
Presidente da CEDEAO.
Jean-Claude Kassi
Brou falou ainda das restantes sanções adoptadas pela Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental.
"Trata-se também do
congelamento dos valores da República do Mali em todos os bancos centrais dos
países membros da CEDEAO, do congelamento dos bens do Estado maliano e das
empresas do Estado e a ele afiliadas em todos os bancos comerciais da
CEDEAO. Os chefes de Estado decidiriam retirar todos os embaixadores dos países
membros da CEDEAO do Mali", acrescentou.
Estas decisões foram
tomadas numa reunião extraordinária da CEDEAO que decorreu em Acra, capital do
Gana, após o governo interino do Mali ter apresentado um cronograma com datas
muito longínquas ( de 6 meses a 5 anos) para a realização
de eleições.
Os golpistas
utilizaram como argumento a insegurança que se vive no país, nomeadamente, em
matéria de terrorismo, com a presença de vários grupos "jihadistas"
em terreno maliano.
A CEDEAO considerou
esta data completamente desproporcional e alegou que este prazo temporal
é “inaceitável”.
Estas sanções
começaram a ser aplicadas ontem, "com efeito imediato" e
só "serão
suspensas após a finalização de um cronograma satisfatório",
disse a CEDEAO, em comunicado.
As autoridades do
Mali já reagiram às sanções impostas pela CEDEAO e condenaram "veementemente"
estas medidas, que consideram "ilegais"
e "desumanas".
"O governo do Mali
deplora o carácter desumano destas medidas que vêm afectar as populações já
severamente atingidas pela crise sanitária, nomeadamente a da Covid-19. O
governo do Mali convida a população à calma e à contenção face a qualquer
eventualidade da mobilização de forças estrangeiras contra o nosso país",
começou por dizer Abdoulaye Maiga, porta-voz do governo maliano.
Depois, o
representante dos golpistas deixou um apelo às forças de segurança e também
à população: "O governo do Mali apela às forças de defesa e segurança, bem como à
população a redobrar de vigilância e a manterem-se mobilizadas".
"O governo do Mali
apela à solidariedade e ao acompanhamento de países e instituições amigos.
Doravante, na base da reciprocidade, o Mali decide retirar os seus embaixadores
acreditados junto dos Estados membros da CEDEAO e decide encerrar as suas
fronteiras terrestres e aéreas com os países em causa", acrescentou ainda.
Para além disso, a
Junta Militar tentou tranquilizar a população, garantindo que o
abastecimento normal dos bens de primeira necessidade será garantido.
"O governo do Mali
faz questão em tranquilizar a opinião nacional que foram tomadas medidas
visando garantir o normal abastecimento do país por todos os meios apropriados",
reiterou ainda Abdoulaye Maiga.
No final do mês de
Maio, a CEDEAO já tinha avançado com algumas sanções, nomeadamente, a suspensão
do Mali de todas as instituições comunitárias. Em causa, o duplo golpe de
Estado perpetrado pelos militares em Agosto de 2020 e em 24 de Maio de 2021.
ANG/RFI
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