ONU/Relator considera junta birmanesa de "sociedade criminosa"
Bissau, 02 Jan 22 (ANG) - A junta militar birmanesa é uma "sociedade criminosa", disse hoje um relator da ONU, anunciando a publicação em breve de um relatório sobre a proveniência das armas que continuam a entrar no país, um ano após o golpe.
"A
junta militar funciona como uma sociedade criminosa, cometendo assassínios,
torturas, sequestros, deslocamentos forçados, enquanto rouba receitas e
apreende propriedades que por direito pertencem ao povo de Myanmar",
acusou o relator da das Nações Unidas para Myanmar (ex-Birmânia), o
norte-americano Thomas Andrews.
"Os
seus ataques continuam repetidamente. O sofrimento do povo da Birmânia continua
a aumentar", denunciou, referindo que o povo birmanês "merece um
apoio mais forte da comunidade internacional".
Andrews
considerou ser "inaceitável" não "haver uma resolução do
Conselho de Segurança a impor um embargo total de armas um ano após [o golpe de
Estado]", assinalando que "as armas continuam a chegar à junta e a
matar pessoas inocentes".
"O
povo de Myanmar merece mais das Nações Unidas", disse o relator num
comunicado.
Andrews,
que é mandatado pelo Conselho de Direitos Humanos, mas não se expressa em seu
nome, planeia publicar um relatório "em breve" que irá clarificar a
origem das armas que a junta militar birmanesa, no poder há um ano, continua a
receber.
A
01 de Fevereiro de 2021, os militares birmaneses derrubaram a líder civil Aung
San Suu Kyi, encerrando uma década de transição democrática e praticando uma
repressão sangrenta no país.
"Nos
últimos meses, testemunhamos uma nova escalada de violência e uma campanha de
terror agora generalizada em todo o país", disse Andrews.
O
relator da ONU disse que recebeu "novos relatos de massacres, ataques a
hospitais e alvos humanitários, além de bombardeamentos e incêndios em
aldeias".
Pelo
menos 1.503 pessoas morreram em Myanmar em resultado da repressão brutal das
autoridades birmanesas na sequência do golpe de estado militar que faz hoje um
ano, de acordo com dados da organização não-governamental Associação de
Assistência aos Presos Políticos (AAPP).
O
golpe mergulhou o país numa profunda crise política, social e económica, e
abriu uma espiral de violência com novas milícias civis.
A
ONG também referiu que 11.838 pessoas foram detidas desde o golpe, dos quais
8.835 ainda estão presos e 661 foram condenados a penas de prisão por um
tribunal, incluindo a líder deposta Aung San Suu Kyi.
A
magistratura birmanesa condenou também 45 pessoas à morte, incluindo dois
menores, embora nenhuma tenha ainda sido executada.
O
exército justifica o golpe com uma alegada fraude durante as eleições gerais de
novembro de 2020, que o partido de Suu Kyi venceu, como em 2015, com o aval de
observadores internacionais, mas cujo resultado foi anulado.ANG/Angop
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