terça-feira, 5 de abril de 2022

Clima/Emissões mais altas que nunca, mas aumento tem abrandado – ONU

 Bissau, 05 Abr 22(ANG) – As emissões de gases com efeito de estufa estão no nível mais alto de sempre, mas o seu crescimento tem vindo a abrandar desde o início do século, segundo a avaliação de cientistas da ONU.

As conclusões do grupo de peritos do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas segunda-feira divulgadas, que se referem às medidas de mitigação do aquecimento global, indicam que as cerca de 59 gigatoneladas de emissões provocadas pela actividade humana em 2019 são 20 por cento superiores às de 2010 e 54% superiores às de 1990.

No entanto, a taxa de aumento desceu de 2,3% por ano no início do século para 1,3% na década entre 2010 e 2019, calculam os quase 300 cientistas que contribuíram para a avaliação, notando a redução de 50% no ritmo anual de aumento de emissões nos sectores energético e industrial.

A par de compromissos políticos como os adoptados por mais de 800 cidades e 100 regiões do mundo que estabeleceram metas para serem neutras em emissões, assiste-se desde 2010 a uma redução dos custos das energias renováveis: 85% no caso da solar, 55% na eólica e uma redução de 85% do custo das baterias de iões de lítio, usadas nos veículos eléctricos.

Durante a década de 2010, a utilização de energia solar aumentou dez vezes e o número de veículos eléctricos em circulação aumentou 100 vezes, embora estes indicadores tenham grandes variações conforme a região.

O painel defende que para cumprir o objectivo de limitar até 2100 a 1,5 graus o aumento da temperatura média global em relação à era pré-industrial, é preciso parar de queimar carvão para produzir energia e reduzir até 2050 a utilização de petróleo em 60% e a de gás em 70% em relação a níveis de 2019.

A produção de energia eléctrica deverá assentar em fontes sem emissões ou de baixas emissões carbónicas, consideram os cientistas que terminaram hoje a sexta avaliação do estado do clima.

Os peritos reunidos em torno do relatório do grupo de trabalho dedicado à mitigação dos efeitos das alterações climáticas recomendam ainda acção imediata em relação aos usos do solo, no sentido de aumentar a capacidade dos sumidouros de dióxido de carbono e de modos de cultura sustentáveis que não sejam tão intensos em emissões.

Propõem apostas em organização urbana que concentrem serviços, habitação e locais de emprego a distâncias entre si que facilitem as deslocações, bem como investimentos em transportes públicos eléctricos e em edifícios em que se use eficientemente a energia.

Defendem ainda comportamentos individuais que favoreçam a redução de emissões e a eficiência na utilização de electricidade, desde mudanças na dieta para incluir mais frutas ou vegetais, até à redução do desperdício. ANG/Inforpress/Lusa

 

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