Cooperação/Países lusófonos pedem investimento chinês na recuperação económica pós-covid-19
Bissau, 11 Abr 22(ANG) – Os países lusófonos pediram hoje investimento chinês no âmbito da recuperação económica pós-covid-19, numa reunião extraordinária ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
O
primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia da Silva, sustentou que, “num
momento de contracção económica mundial”, o “maior desafio” passa “por vencer a
pandemia” e que os esforços conjuntos, no âmbito do Fórum de Macau, podem ser
“uma oportunidade para atrair investimento privado”, nomeadamente na construção
civil, com expressão nos números do emprego.
Nuno
Gomes Nabiam, chefe do Governo guineense, aproveitou para convidar os
investidores a visitarem o país, agora que se “retoma agenda económica e
diplomática, após anos de estagnação e letargia”, apelando ao apoio da China no
“desenvolvimento de tecnologias produtivas”, palavras secundadas pelo
primeiro-ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, que manifestou a vontade de
reforço da união e dos mecanismos de cooperação dos países representados no
Fórum Macau.
O
primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, sublinhou a
importância do apoio, “desde logo de índole financeira”, na definição dos
“eixos centrais” de actuação futura do Fórum de Macau”.
O
líder do Governo timorense, Taur Matan Ruak, frisou os “efeitos devastadores da
pandemia”, mas expressou a convicção de que a “ajuda chinesa” e o compromisso
do país “em explorar oportunidades” no projecto de Pequim de criar a região da
Grande Baía podem ser uma resposta ao contexto económico internacional.
A
Grande Baía é um projecto de Pequim para criar uma metrópole mundial que
integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong (Dongguan,
Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai), com
cerca de 70 milhões de habitantes e um PIB de cerca de 1,2 biliões de euros,
semelhante ao da Austrália, da Indonésia e do México, países que integram o
G20.
O
Brasil, pela voz do vice-presidente, Hamilton Mourão, preferiu destacar “o
potencial económico” dos países de língua portuguesa, “inseridos em distintos
blocos comerciais”, com milhões de consumidores, países costeiros, “de recursos
marítimos e minerais”, sendo necessário continuar a impulsionar o intercâmbio
comercial e o fluxo de investimentos.
Já o
ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior,
lembrou a importância do investimento chinês num país que está “a realizar
importantes reformas democráticas e do Estado de Direito” e a desenvolver
medidas económicas que passam, por exemplo, “por diminuir a dependências do
petróleo”.
No
final dos discursos dos representantes dos países lusófonos, por mensagens de
vídeo, o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, em vídeochamada,
manifestou a convicção de que os países que integram o Fórum de Macau “vão
escrever uma nova página na História”.
O
chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, da mesma forma, argumentou que, após a
reunião ministerial, estão criadas as condições para se fortalecer “a promoção
da cooperação entre a China e os países de língua portuguesa na área da saúde,
para a promoção conjunta da recuperação económica e para a elevação da coesão e
da influência do Fórum de Macau”.
No
final, os representantes dos países no Fórum de Macau aprovaram duas resoluções
conjuntas: uma em que se aponta para o reforço da cooperação e outra que aprova
a entrada da Guiné Equatorial como membro, país que faz parte da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa desde 2014.
Em
2003, a China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como
plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua
portuguesa e criou o Fórum de Macau.
O
secretariado permanente do Fórum integra, além de um secretário-geral e de três
secretários-gerais adjuntos, os delegados dos países.
Cinco
conferências ministeriais foram realizadas no território em 2003, 2006, 2010,
2013 e 2016, durante as quais foram aprovados Planos de Acção para a Cooperação
Económica e Comercial.
Inicialmente
prevista para 2019, a sexta conferência ministerial foi adiada para Junho de
2020, devido às eleições para o parlamento de Macau, mas não se realizou devido
à pandemia de covid-19. ANG/Inforpress/Lusa
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