Diplomacia/Espanha e Marrocos retomam relações
A normalização das relações acontece depois de Madrid mostrar o seu apoio
ao plano de autonomia de Marrocos para o Sahara Ocidental.
Espanha e Marrocos
prometeram "abrir uma nova etapa" nas relações suspensas há um ano,
após a mudança de Madrid sobre a questão do Sahara Ocidental, durante a visita
a Rabat, do primeiro-ministro Pedro Sánchez.
"Concordamos
em definir um roteiro sustentável e ambicioso", disse Pedro Sanchez aos
jornalistas, acrescentando que se trata de um "momento histórico".
A normalização das
relações acontece depois de Madrid ter decidido apoiar o plano de autonomia de
Marrocos para o Sahara Ocidental. O primeiro-ministro espanhol fez questão de
reafirmar a posição de Madrid sobre a questão do Sahara, considerando a
iniciativa de autonomia marroquina como a base mais séria, realista e credível
para a resolução do diferendo.
Poucas horas antes de
partir para Rabat, o primeiro-ministro socialista sofreu um revés na Câmara
espanhola dos Deputados, que denunciou o abandono da posição
"histórica" de neutralidade de Madrid em relação à ex-colônia
espanhola.
O conflito no Saara
Ocidental opõe Marrocos aos separatistas sarauís da Frente Polisario, apoiada
pela Argélia. Enquanto Rabat defende um estatuto de autonomia sob a soberania
marroquina, a Frente Polisario apela a um referendo de autodeterminação sob a
égide da ONU.
Por sua vez, o diário
argelino L'Expression acusou a Espanha de ter "traído o direito legítimo do povo saharaui à
sua autodeterminação", denunciando um "o jogo perigoso de Sánchez que veio,
sobretudo, agravar as tensões na região".
A visita do líder
espanhol, a convite do rei Mohammed VI, insere-se numa "nova etapa de parceria", marcando
o fim de uma grave crise diplomática. Como esperado, as duas partes concordaram
em implementar "um roteiro abrangendo todas as áreas da parceria".
Entre "assuntos de interesse comum" estão
a imigração ilegal, a reabertura de fronteiras e ligações marítimas e o
contrabando nos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, localizados na costa
norte de Marrocos.
Há ainda o comércio e
o investimento - Espanha é o principal parceiro comercial de Marrocos -,
cooperação energética, como o fornecimento de gás natural depois da Argélia ter
encerrado o gasoduto Magrebe-Europa, ou mesmo a demarcação das águas
territoriais.
Para Madrid, o
principal objectivo da retoma das relações com Rabat é assegurar a "cooperação" no
controlo da imigração ilegal, enquanto Marrocos, de onde sai a maior parte dos
migrantes para Espanha, tem sido regularmente acusado, por muitos observadores,
de os utilizar como meio de pressão.
O governo espanhol
também espera que Rabat diminua sua reivindicação a Ceuta e Melilla, porém
muitos analistas alertam contra a ausência de garantias reais obtidas pelas
autoridades espanholas de Marrocos. ANG/RFI
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