Ucrânia/”Confronto era inevitável devido ao crescimento do neonazismo”, diz Putin
Bissau, 12 Abr 22(ANG) – O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje que o confronto com as forças antirrussas na Ucrânia era inevitável e apenas uma questão de tempo, devido ao crescimento do neonazismo no país vizinho.
“A
Ucrânia começou a ser transformada numa base antirrussa, os rebentos do
nacionalismo e do neonazismo, que existem há muito tempo, começaram a crescer
no país”, disse Putin durante uma visita ao cosmódromo Vostochny, no leste da
Rússia, com o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Ao
conversar com trabalhadores da indústria espacial russa no cosmódromo da
Vostochny, Putin disse que o “crescimento do neonazismo foi especialmente
cultivado” na Ucrânia.
“O
neonazismo, infelizmente, tornou-se um facto da vida num país relativamente
grande e próximo de nós. Isto é uma coisa óbvia: [o confronto] era inevitável,
a única questão era o tempo”, afirmou, citado pela agência noticiosa oficial
TASS.
Ao
invadir a Ucrânia, em 24 de Fevereiro, a Rússia alegou que pretendia
“desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
Putin
reafirmou que a “operação militar especial” na Ucrânia, como a invasão é
oficialmente designada por Moscovo, visa ajudar o povo da região ucraniana
separatista do Donbass e “garantir a segurança da própria Rússia”.
“Obviamente,
não tínhamos outra escolha, isso é certo. E não há dúvida de que os objectivos
serão alcançados”, disse Putin aos trabalhadores da indústria espacial russa.
“Os
objectivos são absolutamente compreensíveis e nobres”, insistiu.
Putin
disse que a Rússia foi forçada a ajudar o povo do Donbass “porque as
autoridades ucranianas, empurradas pelo Ocidente, recusaram-se a cumprir os
Acordos de Minsk com vista a uma resolução pacífica dos problemas” nesta região
do leste da Ucrânia, em guerra com Kiev desde 2014.
“Era
simplesmente impossível continuar a suportar este genocídio, que durou oito
anos”, afirmou.
Putin
disse também que o Ocidente não conseguirá isolar a Rússia com as sanções
decretadas na sequência da invasão da Ucrânia.
“É
certamente impossível isolar qualquer pessoa no mundo de hoje, especialmente um
país tão grande como a Rússia”, argumentou.
O
Presidente russo assegurou que Moscovo trabalhará com os seus parceiros “que
queiram cooperar” para ultrapassar a crise suscitada pelas sanções
internacionais.
Putin
alegou que, já em 2014, quando a Rússia foi alvo de sanções por ter anexado a
península ucraniana da Crimeia, a agricultura russa conseguiu transformar-se
numa indústria de alta tecnologia.
Disse
também que, em 1961, a então União Soviética estava em completo isolamento do
ponto de vista tecnológico, mas alcançou feitos importantes, como o lançamento
do primeiro satélite terrestre artificial e o primeiro cosmonauta a viajar no
espaço.
“Fizemos
tudo em condições de completo isolamento tecnológico, alcançámos êxitos muito
grandes”, afirmou, citado pelas agências EFE e AP.
A
visita de Putin a Vostochny marcou a sua primeira viagem conhecida fora de
Moscovo desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Numa
mensagem às forças aeroespaciais russas que estão a prestar “assistência às
repúblicas populares do Donbass”, Putin disse que “agem com coragem,
competência, eficiência e eficácia, e utilizam os mais modernos tipos de armas
com características únicas e inigualáveis”.
A
guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 48.º dia, provocou um número ainda por
determinar de baixas civis e militares.
A ONU
confirmou a morte de 1.842 civis até domingo, incluindo 148 crianças, mas
alertou que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.
A
guerra levou também à fuga de mais 11 milhões de pessoas, incluindo 4,5 milhões
para países vizinhos, naquela que é considerada a pior crise de refugiados na
Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
As
Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de
assistência humanitária devido à guerra na Ucrânia.
A
comunidade internacional reagiu à invasão russa com sanções económicas e
políticas contra Moscovo, e com o fornecimento de armas a Kiev.
ANG/Inforpress/Lusa
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