Ucrânia/Kremlin diz ser “inaceitável” que Biden acuse a Rússia de “genocídio”
Bissau, 13 Abr 22(ANG) – A presidência russa classificou hoje como “inaceitável” que o Presidente norte-americano, Joe Biden, tenha acusado as tropas russas de cometerem “genocídio” na campanha militar que a Rússia lançou há sete semanas na Ucrânia.
“Discordamos
totalmente das declarações e consideramos inaceitáveis as tentativas de distorcer
a situação. Além disso, é dificilmente aceitável que isto seja dito pelo
Presidente dos Estados Unidos, um país que cometeu acções (condenáveis) bem
conhecidas na história moderna e recente”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri
Peskov.
Na
terça-feira, Biden utilizou a palavra “genocídio” pela primeira vez para
descrever a campanha militar da Rússia na Ucrânia.
Ainda
hoje, o Presidente francês, Emmanuel Macron, não utilizou o mesmo termo, por
temer que uma “escalada de palavras” não coloque um ponto final na guerra.
Questionado
pelo canal de televisão France 2 sobre as declarações do homólogo
norte-americano, Macron disse que queria ser “cuidadoso com os termos”.
“Eu
diria que a Rússia iniciou unilateralmente uma guerra brutal, que está agora
estabelecido que foram cometidos crimes de guerra pelo Exército russo e agora
temos de encontrar os responsáveis. É uma loucura o que está a acontecer, é
inaudita a brutalidade, mas ao mesmo tempo olho para os factos e quero tentar
quanto possível continuar a ser capaz de parar esta guerra e reconstruir a paz,
por isso não tenho a certeza que a escalada de palavras sirva à causa”,
explicou.
O
porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, reagiu considerando que a
posição de Macron era “decepcionante”.
Nikolenko
criticou ainda o Presidente francês por dizer que os ucranianos e russos são
povos fraternos, referindo que esse “mito começou a desmoronar-se em 2014” e
que já não há “qualquer razão moral ou real para falar de laços fraternos”
entre russos e ucranianos.
Na
terça-feira, Joe Biden fez o comentário numa altura em que discutia os esforços
da sua Administração para conter o aumento dos preços do gás em consequência da
invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Estou
a fazer tudo o que está ao meu alcance com ordens executivas para reduzir os
preços e fazer frente a esse pico de preços provocado por (o Presidente russo
Vladimir) Putin. Os orçamentos das vossas famílias, a vossa capacidade para
encher o depósito, nada disso deveria depender de um ditador declarar guerra e
cometer um genocídio do outro lado do mundo”, disse Biden num evento no Estado
de Iwoa.
A
Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou
quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de
o número real ser muito maior.
A
guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,6 milhões das
quais para os países vizinhos.
A
invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que
respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções
económicas e políticas a Moscovo.
ANG/Inforpress/Lusa
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