UE/Ursula von der Leyen assume que dependência da energia russa “não é sustentável”
Bissau, 25 Abr 22(ANG) – A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assumiu domingo que a dependência da Europa em relação à energia russa “não é sustentável” e deve ser uma motivação para o investimento em energias renováveis.
Numa
intervenção num workshop da Aliança Solar Internacional (ISA), em Nova Deli
(Índia), onde abordou o impacto da crise climática, Ursula Von der Leyen foi
ainda mais longe, ao considerar que uma maior utilização de energias renováveis
“é também um investimento estratégico em segurança” na Europa.
“Há
uma segunda razão pela qual a mudança para energia limpa é tão importante nos
dias de hoje e, evidentemente, refiro-me à guerra que a Rússia desencadeou na
Ucrânia. Para nós, europeus, é um claro lembrete de que a nossa dependência dos
combustíveis fósseis russos não é sustentável”, defendeu.
Num
momento em que a Índia aumentou o seu abastecimento de energia a partir de
Moscovo e quando a Índia também não se distanciou das suas relações regulares
com a Rússia – um importante fornecedor de material militar para a nação indiana
-, a presidente da Comissão Europeia assinalou que o conflito na Ucrânia é uma
das questões a discutir durante a sua visita oficial de dois dias ao país.
“Como
se pode negociar com alguém que ameaça abertamente a Europa e opta por entrar
em guerra com um dos seus vizinhos mais próximos”, questionou von der Leyen,
referindo-se à posição da Europa, sem fazer referência directa aos negócios da
Índia com a Rússia.
A
visita da presidente da Comissão surge numa série de aproximações de altos
representantes da comunidade internacional à Índia, na sequência da decisão de
Nova Deli de não condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia no seio da
Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU).
A
Índia apelou a que a possível compra de petróleo bruto da Rússia não fosse politizada,
apesar das sanções internacionais, uma vez que Deli “tem de continuar a
concentrar-se em fontes de energia competitivas”, porque, ao contrário de
outras nações, precisa de importar 85% do petróleo que utiliza.
No
entanto, Ursula Von der Leyen mostrou-se disponível para ajudar a Índia a
aumentar a produção de energia a partir de fontes renováveis, como forma de
estreitar as relações diplomáticas com Nova Deli.
“Tanto
a Índia como a UE sabem que a energia solar desempenhará um papel decisivo, por
isso a necessidade de energia limpa nunca foi tão óbvia como hoje. Também na
Índia as pessoas sofrem de condições meteorológicas extremas; li que o mês de
Março deste ano foi o Março mais quente em 122 anos e posso dizer-vos que temos
a mesma experiência na UE”, disse.
A
União Europeia está empenhada em alcançar a neutralidade climática até 2050,
reduzindo ao máximo as suas emissões, um objectivo que a Índia apenas prevê
para 2070.
“Temos
objectivos semelhantes, por isso sabemos como é difícil lá chegar, mas temos de
ser ambiciosos nestes tempos em que as alterações climáticas nos mostram todos
os dias o que acontece se não trabalharmos contra elas”, acrescentou a líder
europeia.
Von
der Leyen vai encontrar-se na segunda-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros
da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e o primeiro-ministro, o nacionalista hindu
Narendra Modi. ANG/Inforpress/Lusa
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