Vaticano/Papa diz que guerra "sem sentido" ameaça o mundo inteiro
Bissau, 06 Mai 22 (ANG) - O Papa Francisco declarou hoje que a guerra na Ucrânia é tão "cruel e sem sentido" como qualquer outra, mas o conflito que se arrasta há mais de dois meses "tem uma dimensão maior e ameaça o mundo inteiro".
Mesmo antes do fim da
pandemia (de covid-19), o mundo inteiro deparou-se com um novo e trágico
desafio: a guerra na Ucrânia. Após o fim da II Guerra Mundial, nunca houve
escassez de guerras regionais, ao ponto de, por vezes, falar-se de uma III
Guerra Mundial", disse o Papa aos participantes na sessão plenária do
Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
"No entanto, esta
guerra, tão cruel e sem sentido como qualquer outra, tem uma dimensão maior e
ameaça o mundo inteiro, e não pode deixar de despertar a consciência de cada
cristão e de cada Igreja", acrescentou.
O Papa deixou uma
pergunta: "O que as Igrejas fizeram e podem fazer para contribuir para o
desenvolvimento de uma comunidade mundial, capaz de alcançar a fraternidade dos
povos e nações que vivem a amizade social?".
Francisco, que tem
condenado a guerra na Ucrânia em várias ocasiões, mostrou a disposição do
Vaticano de "fazer todo o possível" para ajudar a alcançar uma
solução pacífica.
O líder da Igreja
Católica pediu uma reunião com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo,
para lhe pedir que trave o conflito, mas ainda não recebeu uma resposta,
segundo disse numa recente entrevista ao jornal "Corriere della
Sera".
O Papa explicou, então,
que conversou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas ainda não
falou com Putin, e que, após 20 dias de guerra, pediu ao secretário de Estado,
cardeal Pietro Parolin, que enviasse ao Presidente russo a mensagem de que
estava pronto para ir a Moscovo.
Hoje, no seu discurso
perante os membros do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos
Cristãos, Francisco sublinhou que "diante da barbárie da guerra, este
desejo de unidade deve ser nutrido novamente" e que "ignorar as
divisões entre os cristãos, por costume ou resignação, significa tolerar aquela
contaminação dos corações que torna o terreno fértil para o conflito".
"A proclamação do
evangelho da paz, aquele evangelho que desarma os corações diante dos
exércitos, só será credível se for proclamado por cristãos finalmente
reconciliados em Jesus, o Príncipe da Paz; cristãos animados pela sua mensagem
de amor e fraternidade universal, que vai além dos limites de sua própria
comunidade e nação", afirmou.
Nesse sentido, destacou
que a celebração em 2025 do 1.700º aniversário do Primeiro Concílio de Nicéia,
coincidindo com o próximo Jubileu, servirá para "conduzir a novos passos
concretos até ao objectivo de restaurar plenamente a unidade dos
cristãos".ANG/Angop
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