segunda-feira, 6 de junho de 2022

    CEDEAO/Adiada decisão de sancionar Mali, Guiné-Conacri e Burkina Faso

Bissau, 06 Jun 22 (ANG) – A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) adiou para 03 de julho a decisão sobre a imposição de sanções ao Mali, ao Burkina Faso e à Guiné-Conacri, países onde os militares tomaram o poder pela força.

Em comunicado  divulgado no domingo, os líderes dos 15 países membros da CEDEAO, entre os quais se contam a Guiné-Bissau e Cabo Verde, afirmaram ter mantido as sanções que já tinham decidido para o Mali, mas remeteram novas decisões sobre os três países para nova cimeira, agendada para o início do próximo mês.

Os chefes de Estado e de governo da CEDEAO estiveram reunidos no sábado em Acra, capital do Gana e discutiram  a situação política do Burkina Faso, Guiné-Conacri e Mali, governados no último ano e meio por juntas militares que realizaram golpes de Estado.

Os Estados da África Ocidental voltaram a “exigir” que as juntas militares do Burkina Faso e da Guiné-Conacri marquem um calendário de transição “aceitável” para o regresso dos civis à governação dos respetivos países.

O Mali tinha esperança que a cimeira resultasse no levantamento das duras sanções impostas ao país em janeiro passado, depois de o país não ter cumprido a sua promessa de organizar eleições para fevereiro e ter pedido um período de transição de três anos, que depois reduziu para dois.

Essas medidas – que incluíram o bloqueio de contas dos membros da junta militar em bancos regionais, a retirada de embaixadores de Bamako e a suspensão da maioria das transações comerciais com o país – foram duramente criticadas por medo de que agravem a crise humanitária já existente.

No entanto, a CEDEAO “decidiu manter as sanções impostas” e “continuar o diálogo para chegar a um acordo que permita o seu levantamento gradual, à medida que as etapas da transição forem concluídas”, refere o comunicado de imprensa.

Fontes próximas da cimeira, citadas pela agência de notícias francesa AFP, disseram no sábado que os líderes da África Ocidental estavam divididos, particularmente em relação ao Mali.

No último ano e meio, a região da África Ocidental sofreu quatro golpes, dois no Mali (Agosto de 2020 e Maio de 2021), um na Guiné-Conacri (Setembro de 2021) e outro no Burkina Faso (Janeiro de 2022).

Desde 2020, a CEDEAO, alarmada com o risco de contágio numa região vulnerável, multiplicou cimeiras, mediações e pressões para encurtar os chamados períodos de transição antes do retorno dos civis à liderança dos países.

No entanto, tem esbarrado na resistência dos novos homens fortes, o coronel Assimi Goïta, no Mali, o coronel Mamady Doumbouya, na Guiné-Conacri, e o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, no Burkina Faso, todos entretanto investidos como presidentes.

Os novos governantes invocam a gravidade das crises que estão a enfrentar e pediram tempo para o que disseram ser “uma refundação” dos respetivos Estados e organização de eleições.

Um relatório da ONU indica que, no contexto de uma crise já aguda, as sanções “afetaram severamente” certos setores e “pioraram as condições de vida, em particular as dos pobres”. ANG/Inforpress/Lusa

 

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