quinta-feira, 9 de junho de 2022

      Zelensky/ Destino do Donbass decidido na “batalha de Severodonetsk”

Bissau, 09 Jun 22 (ANG) - Ao 106º dia da invasão russa à Ucrânia, os combates continuam concentrados sobretudo, em Severodonetsk, cidadade estratégica no leste do país.

De acordo com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o destino da região do Donbass “está a ser decidido” na “batalha de Severodonetsk”.

Nos últimos dias, Severodonetsk tem sido palco de fortes combates entre russos e ucranianos. Segundo o governador da região de Lugansk, os soldados russos estão a ganhar terreno e já controlam a maior parte da cidade.

Este ponto estratégico é agora o principal foco da Rússia. O autarca da cidade, Oleksandr Stryuk, diz que a evacuação é "impossível", num local onde permanecem ainda 10 mil civis e descreveu a situação como "difícil".

Apesar da forte ofensiva russa na região, o governador de Lugansk disse, esta quinta-feira à Sky News, que a cidade vai ser "libertada em poucos dias". Sergei Gaidai diz que as forças ucranianas poderão “limpar a zona”, quando receberem artilharia de longo alcance, fornecida pelo Ocidente.

Para além de Severodonetsk, a Rússia está também a dirigir as atenções para Lysychansk. No total, os russos já controlam 90% desta região, de acordo o governador de Lugansk.

Entretanto, em Kharkiv, no norte da Ucrânia, e noutros pontos do país, como por exemplo, Zaporíjia, foram registados novos bombardeamentos russos.

Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo reuniu-se com o seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, para discutir o estabelecimento de corredores marítimos seguros para o transporte dos cereais ucranianos, que se encontram actualmente retidos no porto de Odessa.

Apesar deste encontro, as negociações em Ancara não foram conclusivas. Sergei Lavrov mostrou a disponibilidade da Rússia para garantir o transporte seguro de cereais, mas disse que, em contrapartida, a Ucrânia tem de proceder à desminagem das zonas portuárias.

A Ucrânia já se recusou a fazer a desminagem do Porto de Odessa, pois teme que o exército russo se aproveite desta "retirada" para atacar a cidade, referiu Serguéi Brachuk, porta-voz da administração regional.

Nos últimos dias, a Rússia e a Ucrânia têm trocado acusações sobre a responsabilidade da colocação de minas nos portos ucranianos.

Há cerca de 25 milhões de toneladas de cereais da colheita do ano passado ainda armazenados em silos na Ucrânia, mas estes não podem ser escoados porque a entrada do porto de Odessa está minada, e bloqueada pela marinha russa. A alternativa de escoar esses cereais por via ferroviária não é praticável, não só porque seriam necessários milhares de comboios, mas também porque a “bitola” ucraniana é diferente da europeia, obrigando ao carregamento e descarregamento nas fronteiras com países da UE.

Muitos países do terceiro mundo, sobretudo em África, estão totalmente dependentes dos cereais russos e ucranianos – países como o Senegal, o Chade, o Sudão ou o Egipto importam trigo e milho sobretudo desses dois países.

O preço dos cereais já subiu cerca de 20%, desde o início do conflito na Ucrânia, e está a ameaçar provocar uma crise alimentar em muitas regiões de África, como aliás as Nações Unidas têm vindo a alertar.

António Guterres, secretário-geral da ONU, também já se pronunciou sobre o assunto,  quarta-feira, e garantiu que vai tentar chegar a um acordo que permita a “exportação segura dos cereais”.

O Presidente ucraniano já disse mesmo que podem morrer milhões de pessoas à fome se o bloqueio russo no Mar Negro continuar.

A guerra na Ucrânia já provocou a morte de milhares de pessoas e, segundo o último balanço do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 7 milhões de pessoas já fugiram do país. ANG/RFI

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