Cereais/UA saúda acordo de
desbloqueio das exportações
O acordo é "uma resposta" à visita de Junho à Rússia
do Presidente senegalês, Macky Sall, atual presidente da UA, e de Moussa Faki,
presidente da comissão da UA, que tinha sublinhado ao Presidente russo,
Vladimir Putin, "a urgência do regresso dos cereais da Ucrânia e da Rússia
aos mercados mundiais", disse a organização num comunicado.
"A UA reitera o
apelo para um acordo de cessar-fogo imediato e para a abertura de novas
negociações políticas sob os auspícios das Nações Unidas, no interesse da paz e
da estabilidade mundial", afirma-se no comunicado.
Entretanto, o Presidente
sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o Presidente da Costa do Marfim, Alassane
Ouattara, saudaram a retoma das exportações de cereais da Ucrânia e da Rússia,
sob a supervisão da Turquia e das Nações Unidas.
"A nossa
dependência contínua de quantidades maciças de cereais dessa parte do mundo deve
ser vista como um risco e um perigo real para os 1.300 milhões de pessoas dos
países africanos. Devemos, portanto, utilizar este conflito como um
alerta", disse Ramaphosa, numa conferência de imprensa em Pretória,
relatada pela BBC.
O Presidente sul-africano
salientou que o bloqueio de cereais nos portos ucranianos tinha forçado os
países africanos a repensar o abastecimento alimentar devido à elevada
dependência das importações.
Por outro lado, Ouattara
disse estar satisfeito por ver que o Presidente russo tinha concordado em
assinar o acordo.
"Também indiquei ao
Presidente (ucraniano) Volodymyr Zelensky que queria que o abastecimento se
tornasse uma prioridade para o continente africano devido à fragilidade das
suas economias e à situação social em muitos países", acrescentou o
Presidente da Costa do Marfim.
A invasão da Ucrânia
pela Rússia - dois países que juntos representam 30% das exportações mundiais
de trigo - provocou um aumento do preço dos cereais e do petróleo, bem como dos
fertilizantes.
A ONU disse temer
"um furacão de fome", principalmente nos países africanos que
importavam mais de metade do seu trigo da Ucrânia ou da Rússia.
O Corno de África
(Quénia, Etiópia, Somália, Djibuti) enfrenta a sua pior seca dos últimos 40
anos, que deixou pelo menos 18 milhões de pessoas com fome.
O acordo assinado na
sexta-feira em Istambul entre a Rússia e a Ucrânia prevê o estabelecimento de
"corredores seguros" para permitir a circulação de navios mercantes
no Mar Negro, que Moscovo e Kiev se comprometem "a não atacar", de
acordo com um responsável das Nações Unidas.
Nos termos do acordo,
uma coligação de pessoal turco, ucraniano e da ONU supervisionará o
carregamento de cereais em navios nos portos ucranianos de Odessa, Chernomosk e
Pivdenyi, antes de navegar numa rota pré-planeada através do Mar Negro.
Os navios atravessarão o
Mar Negro até ao Estreito do Bósforo na Turquia, onde será criado um centro de
coordenação conjunto em Istambul, incluindo representantes da ONU, Ucrânia,
Rússia e Turquia. Este centro será também responsável por examinar os navios
que entram na Ucrânia para garantir que não transportam armas ou equipamento de
combate. ANG/Angop
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