Conflito
de Casamance/Governo
senegalês e rebeldes de Casamance assinam acordo sob patrocínio do
Presidente Sissoco Embaló
Bissau,05 Ago 22(ANG) - O Governo
senegalês e uma ala do Movimento das Forças Democráticas de Casamance(MFDC),
assinaram quinta-feira, em Bissau, um acordo para a deposição de armas, sob a mediação do
Presidente da República Umaro Sissoco Embaló.
Em declarações em crioulo e
em francês, o chefe de Estado guineense assinalou que se trata de um acordo que
vai possibilitar a que a ala do MDFC, que luta pela independência da província
senegalesa da Casamansa, há mais de 30 anos, liderada por Cessar Atout Badiate,
prossiga as conversações com as autoridades do Senegal para “acabar com a
guerra em Casamansa”.
A chamada ala norte do MDFC,
chefiada por Salif Sadio não tomou parte no encontro que decorreu no palácio da
República, em Bissau.
Umaro Sissoco Embalo disse
que não faz sentido que ainda não haja paz no Sul do Senegal, cujas
consequências também afetam o Norte da
Guiné-Bissau, devido às ações dos rebeldes da Casamansa.
Disse esperar que o acordo assinado em
Bissau permita um cessar-fogo definitivo
“entre irmãos senegaleses”.
“Esta guerra começou quando
eu tinha 10 anos e hoje tenho 50, quer dizer que esta guerra já fez 40 anos.
Fez muitos males. Quantos homens já se perderam neste conflito. Quantas
crianças nasceram nas matas por causa da rebelião”, observou Embalõ.
O chefe de Estado guineense
exortou as partes para que cumpram com a “palavra dada” e ainda disse ter
discutido “longamente” com o Presidente do Senegal, Macky Sall, sobre a
necessidade de se encontrar um entendimento com o MDFC.
“Quero-vos transmitir a
sinceridade do Presidente Macky Sall, o seu engajamento por este acordo. Posso
vos assegurar o seu engajamento pela paz na região da Casamansa”, declarou
Umaro Sissoco Embalo.
O Presidente guineense
enalteceu ainda a postura do seu homólogo senegalês que disse ser “um homem de
bem e que nunca trairá este acordo”, frisou.
Disse que a Guiné-Bissau, por ser palco do acordo,
tem “muita responsabilidade” e que tudo fará para ser o garante do entendimento
que vai acabar com o sofrimento na Casamansa.
“Há muita gente que ganha
dinheiro com esta guerra, mas são vocês que sofrem, até porque são vocês que
dormem nas matas enquanto outros dormem em bons climas”, destacou o Presidente
guineense, dirigindo-se aos membros do MFDC presentes na sala.
A Guiné-Bissau será o
garante do acordo quinta-feira firmado enquanto Cabo Verde funcionará como
observador, disseram à Lusa fontes do Governo de Bissau.
Da parte dos rebeldes da
Casamansa, o acordo foi rubricado por César Atout Badiate, líder da ala sul do
MFDC, e do lado do Senegal assinou Papa Farba Sarr, coordenador de comissão
Ad-Hoc criada por Dacar para as conversações com os independentistas, Samuel
Fernandes assinou para o Estado-maior General das Forças Armadas da
Guiné-Bissau.ANG/ÂC//SG
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