sexta-feira, 5 de agosto de 2022


Conflito de Casamance
/Governo senegalês e rebeldes de Casamance assinam acordo sob patrocínio do Presidente  Sissoco Embaló

Bissau,05 Ago 22(ANG) - O Governo senegalês e uma ala do Movimento das Forças Democráticas de Casamance(MFDC), assinaram quinta-feira, em Bissau, um acordo para a  deposição de armas, sob a mediação do Presidente da República Umaro Sissoco Embaló.

Em declarações em crioulo e em francês, o chefe de Estado guineense assinalou que se trata de um acordo que vai possibilitar a que a ala do MDFC, que luta pela independência da província senegalesa da Casamansa, há mais de 30 anos, liderada por Cessar Atout Badiate, prossiga as conversações com as autoridades do Senegal para “acabar com a guerra em Casamansa”.

A chamada ala norte do MDFC, chefiada por Salif Sadio não tomou parte  no encontro que decorreu no palácio da República, em Bissau.

Umaro Sissoco Embalo disse que não faz sentido que ainda não haja paz no Sul do Senegal, cujas consequências  também afetam o Norte da Guiné-Bissau, devido às ações dos rebeldes da Casamansa.

 Disse esperar que o acordo assinado em Bissau  permita um cessar-fogo definitivo “entre irmãos senegaleses”.

“Esta guerra começou quando eu tinha 10 anos e hoje tenho 50, quer dizer que esta guerra já fez 40 anos. Fez muitos males. Quantos homens já se perderam neste conflito. Quantas crianças nasceram nas matas por causa da rebelião”, observou Embalõ.

O chefe de Estado guineense exortou as partes para que cumpram com a “palavra dada” e ainda disse ter discutido “longamente” com o Presidente do Senegal, Macky Sall, sobre a necessidade de se encontrar um entendimento com o MDFC.

“Quero-vos transmitir a sinceridade do Presidente Macky Sall, o seu engajamento por este acordo. Posso vos assegurar o seu engajamento pela paz na região da Casamansa”, declarou Umaro Sissoco Embalo.

O Presidente guineense enalteceu ainda a postura do seu homólogo senegalês que disse ser “um homem de bem e que nunca trairá este acordo”, frisou.

Disse  que a Guiné-Bissau, por ser palco do acordo, tem “muita responsabilidade” e que tudo fará para ser o garante do entendimento que vai acabar com o sofrimento na Casamansa.

“Há muita gente que ganha dinheiro com esta guerra, mas são vocês que sofrem, até porque são vocês que dormem nas matas enquanto outros dormem em bons climas”, destacou o Presidente guineense, dirigindo-se aos membros do MFDC presentes na sala.

A Guiné-Bissau será o garante do acordo quinta-feira firmado enquanto Cabo Verde funcionará como observador, disseram à Lusa fontes do Governo de Bissau.

Da parte dos rebeldes da Casamansa, o acordo foi rubricado por César Atout Badiate, líder da ala sul do MFDC, e do lado do Senegal assinou Papa Farba Sarr, coordenador de comissão Ad-Hoc criada por Dacar para as conversações com os independentistas, Samuel Fernandes assinou para o Estado-maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.ANG/ÂC//SG

 

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