segunda-feira, 3 de outubro de 2022

           Eleições Brasil/ Lula e Bolsonaro frente-a-frente na segunda volta

Bissau,03 out 22(ANG) - A escolha do próximo Presidente do Brasil vai ser feita numa segunda volta, dia 30 de Outubro.

No escrutínio deste domingo, o antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como "Lula", está na liderança, à frente do actual Presidente e antigo chefe de Estado de extrema-direita, Jair Bolsonaro, com 48,43% dos votos contra 43,20%, de acordo com os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mais de 6 milhões de votos separam os dois candidatos, Lula conta com mais de 57,2 milhões de votos. Nenhum dos dois candidatos conquistou a maioria absoluta, os dois homens enfrentam-se numa segunda volta marcada para dia 30 de Outubro.

Cerca de 156 milhões de brasileiros foram chamados para votar na primeira volta para escolher um Presidente para estar à frente do país nos próximos quatro anos.

A centrista Simone Tebet fica em terceiro lugar, muito atrás, com 4,16% dos votos. O trabalhista Ciro Gomes segue, com 3,04%. Todos os outros candidatos ficaram perto ou abaixo de 0,50%. A taxa de participação nesta primeira volta atingiu 79%.

"A luta continua até a vitória final", disse na noite de domingo "Lula", que admitiu esperar vencer a primeira volta e pareceu emocionado após o anúncio do resultado. "É apenas uma extensão. A gente vai ganhar essa eleição”, previu usando uma expressão desportiva, prometendo “mais viagens, outros encontros” para conhecer os brasileiros e conquistar um terceiro mandato.

Entre os onze candidatos ao cargo da presidência, "Lula" era o favorito. Na noite de sábado, a última sondagem do Datafolha deu o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) na liderança das intenções de voto dos eleitores, com 50% dos votos, contra 36% de Jair Bolsonaro (Partido Liberal).

Lula, que passou 580 dias de prisão por corrupção em 2018 e 2019, voltou com força depois de ter visto as suas condenações derrubadas em 2021. Aos 76 anos, faz campanha pela "reconstrução" de um país dividido, prometendo a erradicação da fome, bem como a luta pela preservação do meio ambiente.

Jair Bolsonaro afirmou ontem à noite que tinha "derrotado as mentiras" das sondagens, mostrando-se optimista para a segunda volta. Ontem, nas urnas, o Presidente de extrema-direita acabou por ser popupado.

Os brasileiros esqueceram as posições de negação da Covid-19 (685.000 mortos), a crise económica, num país onde mais de 30 milhões de pessoas passam fome, e as crises que pontuaram todo o mandato de Bolsonaro.

Até 30 de Outubro, o líder de extrema-direita vai tentar galvanizar as tropas nas ruas e encontrar um novo impulso.

“É uma surpresa, Bolsonaro teve mais votos do que o esperado, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois estados mais importantes do país”, aponta a agência de notícia francesa, AFP. “Na segunda volta, a corrida presidencial continua aberta e promete ser muito disputada. Bolsonaro ainda tem todas possibilidades de ser reeleito”, acrescenta.

O partido do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, conseguiu eleger oito senadores dos 27 lugares que estavam em disputa na eleição de ontem e deverá iniciar 2023 com a maior bancada da câmara alta, o senado brasileiro.  

Um dos mais proeminentes nomes é do antigo futebolista Romário, reeleito senador pelo Partido Liberal do Presidente brasileiro. 

O polémico Ricardo Salles, suspeito de ter participado numa rede de contrabando de madeira da Amazónia quando era ministro do Meio Ambiente, por exemplo, conseguiu um lugar de deputado. Cláudio Castro, aliado do chefe de Estado no Rio de Janeiro, foi reeleito governador logo à primeira volta. 

O antigo juiz Sergio Moro também foi eleito senador no Brasil no domingo com 33,57% de votos, num sufrágio em que mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar. Moro, conhecido por actuar como juiz de primeira instância na operação Lava Jato e condenar dezenas de políticos, entre eles o candidato e antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava atrás do candidato Álvaro Dias nas sondagens, mas conseguiu a preferência dos eleitores no estado do Paraná, onde se candidatou. 

Foram eleitos ainda o ex-astronauta e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina e o ex-ministro do Desenvolvimento Rogério Marinho.

Perante a possibilidade Lula vencer à primeira volta, persistiam  receios quanto à aceitação dos resultados. O rival chegou a ameaçar não reconhecer os resultados em caso de derrota, visando o sistema eleitoral, antes de mostrar alguns sinais de apaziguamento à medida que a votação se aproximava.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, garantiu no domingo que a votação decorreu "sem problemas" e quis "reafirmar a confiabilidade e transparência" do sistema de urnas electrónicas, muitas vezes criticado por Bolsonaro. Mais de 500.000 membros das forças de segurança foram mobilizados para garantir a segurança do pleito eleitoral, que contou, ainda, com a presença de dezenas de observadores estrangeiros.ANG/RFI

 

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